Um conjunto de poemas timorenses que transcrevem a rebeldia educacional e religiosa a par com as ideias revolucionárias de Borja da Costa, autor do hino nacional de Timor-Leste, numa época em que a luta social despontava neste país.
A Lidel anuncia o lançamento do livro “Borja da Costa - Selecção de Poemas / Klibur Dadolin”, da autoria de Luís Costa, que apresenta uma compilação de poemas de Borja da Costa, seu irmão, numa edição bilingue, em português e em tétum.
Os poemas de Francisco Borja da Costa mostram o profundo conhecimento das regras de poesia tradicional, em que transparece o desejo de sensibilizar o povo explorado, através de uma linguagem que está enquadrada no espírito da época anti-colonial e na luta social através da revolução.
Tal como é referido num dos seus poemas, “Porque é que o Timorense há-se curvar-se para sempre?”, “Abre os olhos, o novo dia chegou à nossa terra”.
A sua poesia aborda os problemas regionais a nível da educação e do desenvolvimento, sendo influenciada pelos movimentos de libertação africanos e dos estudantes da Casa de Timor em Lisboa, bem como, pela percepção das injustiças e desigualdades com que se foi deparando na convivência com os portugueses na tropa e aquando do seu trabalho na administração pública.
Esta obra reúne os poemas de Borja da Costa, em edição bilingue – Português/Tétum ou Tétum/Português, conforme a língua do original – traduzidos pelo seu irmão Luís Costa que os organizou e ainda aperfeiçoou algumas traduções já existentes.
“Estrela d’Alva no Céu
Vem orientar o caminho!
Vem mostrar o caminho certo
Que nos leve à luz
Vem iluminar a consciência de Timor
Vem abrir os seus olhos.”
In “Borja da Costa”; pág. 37
Francisco Borja da Costa nasceu em Fatu-Belak, no dia 14 de Outubro de 1946. Entrou para a função pública, em 1967, a título experimental. De 1968 a 1971 cumpriu o serviço militar obrigatório e, terminado o mesmo, regressou à função pública, na categoria de aspirante da Repartição de Gabinete.
Em 1973 esteve em Lisboa de licença onde frequentou a Casa de Timor. De regresso a Díli participou mais activamente nos encontros nacionalistas e, quando se deu o 25 de Abril de 1974, entrou para o movimento ASDT (Associação Social Democrática Timorense).
No dia 7 de Dezembro de 1975, dia da invasão indonésia, desprevenido e sem possibilidade de fugir para as montanhas, Borja da Costa foi assassinado nessa madrugada à frente da sua residência em Kolan-ibun, Bairro dos Grilos.
O seu corpo juntamente com o de outros membros da Fretilin e da Apodeti (Associação Popular Democrática de Timor) foi lançado ao mar tendo sido enterrado, posteriormente, na praia entre Lecidere e a ponte Santana, segundo dizem, ao pé de um coqueiro.
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