quinta-feira, 5 de junho de 2008

Vicuza Angola sonho

A criança negra recusa
Pétalas celestes de amanhã
Numa terra hoje queimada,
É o sentimento de Vicuza
No pólen da acácia clarivã
Na morte solenemente alada.

Huambo, Huila, Benguela,
Mapa acéfalo de recortes,
Sonho de pitangas agrestes;
Amorfismo desta minha cela,
Gradeamento de tantas mortes
Sem beijos, cruz ou vestes.

Tulemba, espírito reinante,
Irmão ganguela do passado,
Passado mortífero que assola;
Jamais mulher negra amante
Sentirás o espírito bom e amado
Do avoengo Ginga ou Txissola.

Quimera de Upuango
Venceu o kissange do Andulo,
Na negridão da noite Luena;
Nosso rio Cubango
Vai vermelho, vermelho nulo
Nulo com esta gangrena.

Sem comentários: