Abandonada numa tenda
implantada algures no Golfo da Guiné
perdi o encontro, o encanto milenar
O silêncio, o ardor e o meu doce olhar
Desencontro o luar do meu cabelo
no rio, dominado pelo génio dos jasmins
Jaz o silêncio das suas margens
Só, no luar das noites não deixarei de me amar
Adoro o silêncio das manhãs
e a sonoridade das folhas das plantas
Aguardo a deusa Kalunga
que ressurja do fundo das águas
e alerte o génio dos jasmins
para me transformar
perfumar
Todos os dias com e sem amanhãs
jasmim-da-noite, dama-da-noite
Eis que aportam os navios
já antes navegados
Partiram
mas, regressaram da Ocidental civilização
e outra vez me desgraçam
Vivia com as flores, com os jasmins
amarelos, azuis, brilhantes
imperadores, dos rios
dos poetas, estrelas, verdes, vermelhos
Pedi ao deus das florestas
que me navegasse num navio feito de jasmins
Que me fecundasse no seu sémen
num profundo jasminal
E pela manhã quando a lua despertar
do seu sono nocturno
Encontrar-me-á a cantar
E fará de mim uma estátua jasminácea
Serei a semente do novo amor
que a minha Angola perdeu
perdida, afundada nas multinacionais
Regar-me-ei com as lágrimas
do nosso povo infeliz
Sem amor
subjugado, espoliado, acorrentado
Escravizado pelos filhos milionários
do Rei
Serei santificada pelo génio dos jasmins
e dos enamorados na Angola
finalmente libertada
E as aves poisarão sempre no meu pólen
e para sempre serei abençoada
O perfume do meu pistilo imortalizar-se-á
e nos próximos dias
A nossa liberdade será louvada.
implantada algures no Golfo da Guiné
perdi o encontro, o encanto milenar
O silêncio, o ardor e o meu doce olhar
Desencontro o luar do meu cabelo
no rio, dominado pelo génio dos jasmins
Jaz o silêncio das suas margens
Só, no luar das noites não deixarei de me amar
Adoro o silêncio das manhãs
e a sonoridade das folhas das plantas
Aguardo a deusa Kalunga
que ressurja do fundo das águas
e alerte o génio dos jasmins
para me transformar
perfumar
Todos os dias com e sem amanhãs
jasmim-da-noite, dama-da-noite
Eis que aportam os navios
já antes navegados
Partiram
mas, regressaram da Ocidental civilização
e outra vez me desgraçam
Vivia com as flores, com os jasmins
amarelos, azuis, brilhantes
imperadores, dos rios
dos poetas, estrelas, verdes, vermelhos
Pedi ao deus das florestas
que me navegasse num navio feito de jasmins
Que me fecundasse no seu sémen
num profundo jasminal
E pela manhã quando a lua despertar
do seu sono nocturno
Encontrar-me-á a cantar
E fará de mim uma estátua jasminácea
Serei a semente do novo amor
que a minha Angola perdeu
perdida, afundada nas multinacionais
Regar-me-ei com as lágrimas
do nosso povo infeliz
Sem amor
subjugado, espoliado, acorrentado
Escravizado pelos filhos milionários
do Rei
Serei santificada pelo génio dos jasmins
e dos enamorados na Angola
finalmente libertada
E as aves poisarão sempre no meu pólen
e para sempre serei abençoada
O perfume do meu pistilo imortalizar-se-á
e nos próximos dias
A nossa liberdade será louvada.
Gil Gonçalves
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