quinta-feira, 28 de maio de 2009

“Jogos Africanos” de Jaime Nogueira Pinto

O escritor português Jaime Nogueira Pinto autografou hoje, em Luanda, a segunda edição do seu último livro intitulado "Jogos Africanos" que retrata a história dos conflitos em Angola, Moçambique e Guiné-Bissau nos últimos 30 anos.

O livro de 544 páginas, que já foi apresentado em Lisboa, em Novembro passado, vai na sua terceira edição, mas o escritor aproveitou a sua passagem por Luanda, por ocasião da realização do quarto raide automóvel que hoje terminou na província angolana do Kwanza-Sul, para autografar a segunda edição na capital angolana.

Numa cerimónia que decorreu no Centro Cultural Chá de Kaxinde, editora com o mesmo nome e assistida por dezenas de leitores, entre políticos, governantes, diplomatas e público em geral, Jaime Nogueira Pinto manifestou a sua gratidão pela receptividade que o livro teve em Angola.

"Jogos Africanos é um livro que tem muita matéria e história dos angolanos últimos 30 anos, então entendeu-se que era útil e que até foi o general João de Matos (antigo chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas) que sugeriu há tempos que o autografasse aqui e aproveitei exactamente esta vinda cá para fazer esta apresentação e falar um bocado do livro para estas pessoas de Angola", salientou Jaime Nogueira Pinto.

Em declarações à Agência Lusa, o escritor afirmou que o livro conta a sua experiência sobre os conflitos de Angola, Moçambique e da Guiné-Bissau, começando em 1974 e acabando em 2002, com o fim da guerra civil em Angola.

"Esse é o conteúdo do livro que de certo modo reproduz muito a minha experiência pessoal e o conhecimento que fui tendo de várias pessoas e participantes nesses conflitos", frisou.

O autor, que considera o livro "essencialmente de história contemporânea", publicou cerca de uma dezena de títulos, como "Portugal: os anos do fim", "A direita e as direitas", "A introdução à política" em vários volumes e mais recentemente uma biografia de Oliveira Salazar, intitulada "Salazar o outro retrato".

Nogueira Pinto já tem no prelo e promete lançar em Junho uma biografia do contestável "D. Nuno Alvares Pereira".

O também professor universitário que conta com várias obras sobre ciências políticas confessou não se ter sentido "surpreendido" com a afluência considerável dos leitores angolanos ao seu livro, mas gostou que a obra tenha despertado "bastante interesse".

"O livro vai na terceira edição, mas os exemplares que estão aqui à venda são da segunda. É sinal que é um livro que está a ter uma boa repercussão e a suscitar interesse público", afirmou.

O livro está a ser vendido ao preço único de 3600.00 kwanzas, o equivalente a 37 euros.

terça-feira, 26 de maio de 2009

A minha Pátria é a língua portuguesa

«De fato, este meu ato refere-se à não aceitação deste pato com vista a assassinar a Língua Portuguesa. Por isso ... por não aceitar este pato ... também não vou aceitar ir a esse almoço para comer um arroz de pato ... A esta ora está úmido lá fora ... por isso , de fato lá terei hoje de vestir um fato ...»

“Segredos” de João Pedro Martins no Porto

A Fronteira do Caos Editores, o Plano B e o autor convidam para a apresentação pública do livro “Segredos", a ter lugar no próximo dia 30 de Maio no espaço multi-disciplinar Plano B, na cidade do Porto (Portugal), pelas 17 horas.

João Pedro Martins nasceu em Vila Franca de Xira no ano de 1967. Abraçou cedo o jornalismo, tendo dado os primeiros passos na Imprensa Escrita e na Rádio com apenas 17 anos.

Fundou um jornal regional ribatejano (1996) e ajudou na criação da Antena 3 (1993) e RDP África (1996).

Em 2003 publica o seu primeiro livro de ficção “As Portas ou a morte de um mito”, e em 2008 o romance “Céu Negro”.

Este seu terceiro livro “Segredos” tem, entretanto, uma particularidade curiosa: foi o primeiro a começar a ser escrito. Teve, na realidade, um período de gestação de cerca de 15 anos. (Fronteira do Caos Editores, 2009).

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Saudade? Não. Apenas saudade

Sonhei um dia lá longe
que a saudade nunca seria
o mote das minhas palavras.
A vida das esquinas provou
que o sonho comanda tudo
menos as esquinas da vida
que nos fazem engolir em seco
quando a saudade bate
às janelas do coração
e abolroa as portas da alma.
De sonho em sonho ponho
o que não quero que seja
a saudade dos sonhos idos
no pódio da racionalidade.
Pôr, ponho, mas a vida leva-me,
sempre que quero e não quero,
para os córregos sinuosos
de uma dor lancinante
que atordoa tudo o que penso
ser apenas uma forma de vida.
Mas, afinal, o que será?
Custa, custa muito, mas é
mesmo assim que sobrevivo
com a dor eterna que apenas
se chama... saudade.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Vozes D'África em seminário no Huambo

O colectivo de artes Vozes D'África realiza a partir de hoje, na cidade do Huambo, um seminário intensivo sobre teatro, numa acção que visa formar e capacitar grupos, pessoas singulares e jornalistas da redacção cultural dos diversos órgãos de informação desta região.

O evento com a duração de quatro dias vai juntar mais de 50 participantes, com o objectivo de preparar os grupos locais para a segunda edição festeatro inter- provincial Vozes D'África 2009, a ter lugar na província do Huambo, de 10 a 12 de Julho.

O presidente do colectivo de arte Vozes D'Africa no Huambo, Pascoal Pedro Nhanga, revelou que o evento vai contar com a participação dos grupos teatrais Omuenho Upepa, Efetiquilo, Omebua, Chissola e Revelação.

Os grupos teatrais Unidos da Caála, Ombangela, Luz Teatro e Reconciliação do Bailundo, Nova Vida Tchicala-Tcholohanga, Ukuma, Mungo, Londuimbali, Katchiungo e Longonjo vão igualmente participar na formação.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

«Capitão, quando é que a liberdade vai embora?» - Um livro de Afonso Cabral

«Tempo flutuante – da golpada de Cabinda ao saque de Dalatando» de Afonso Eça de Queiroz Cabral é o testemunho frio e mordaz, contado através de episódios soltos, indiferentes ao politicamente correcto, dos últimos dois anos da presença portuguesa em Angola.

Não tem qualquer pretensão de ser um livro de história sobre a Guerra Colonial. Desprovido de qualquer análise estratégico militar, ou de ponderações ideológicas, o pequeno livro «Tempo flutuante – da golpada de Cabinda ao saque de Dalatando» é um monólogo de episódios vividos com as tripas do capitão miliciano Afonso Cabral, registados 30 anos depois dos acontecimentos.

Frio e cáustico, Afonso Cabral não perde tempo com floreados literários. Imprime sem rodeios a sua personalidade e transporta o leitor para a experiencia vivida num dos momentos mais caóticos da guerra em Angola. Embebido por um sentido absoluto de cumprimento da missão Afonso Cabral consegue na primeira pessoa provocar uma antipatia por si mesmo, reflectindo todavia a atitude de um militar em combate que teve soltos lapsos de emoção.

Em 132 páginas Afonso Cabral conta apenas aquilo que viveu e ruminou. Sem entrar em divagações políticas e históricas vai pintado retratos dos actores e do caos que Angola viveu nas vésperas da independência.

«Nem pensar! Eu fazer uma operação com o MPLA? Isso é contra tudo o que eu sou» reagiu Afonso Cabral quando o informaram em Cabinda que tinha de fazer uma operação conjunta com o MPLA contra a FLEC, quando o enclave vivia um clima insurreccional perante o desespero do Brigadeiro Themudo Barata «que estava altamente comprometido com a FLEC» enquanto as tropas portuguesas estavam «altamente comprometidas» com o MPLA.

Através de episódios soltos relata o saque selvagem de Dalatando e a chegada de um comité do MFA vindo de Luanda, para uma reunião com os oficiais, mais embebido em discursos revolucionários que em definir uma estratégia para minimizar o caos estabelecido. «E o marinheiro de águas turvas rematou o seu papaguear panfletário: “E agora quem não estiver de acordo com o programa do governo levante-se e abandone a sala”» conta Afonso Cabral aludindo à incompatibilidade da febre revolucionária de 74 com sua postura de puro militar.

«Capitão, quando é que a liberdade vai embora?» perguntou um angolano a Afonso Cabral cansado do mergulhar caótico de Angola na espiral de uma guerra civil previsível.

Os relatos de Afonso Cabral terminam com a partida definitiva de Luanda, depois do Niassa ter zarpado. «Não estávamos a partir. Estávamos a ser empurrados, estávamos a ser expulsos, estávamos a fugir.»

Afonso Cabral nasceu no Porto em 9 de Maio de 1947. Cumpriu o serviço militar de Outubro de 1972 a Outubro de 1975.

«Tempo flutuante – da golpada de Cabinda ao saque de Dalatando»
Afonso Eça de Queiroz Cabral
Prefácio de Jaime Nogueira Pinto
Edição Diel, 2009

Fonte: http://www.ibinda.com/

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Exposição de peças culturais no Luena

O vice-ministro da Cultura de Angola, Cornélio Caley, que trabalha desde hoje na cidade do Luena, província do Moxico, visitou uma exposição de peças de artes culturais da região leste do país.

No local, o governante recebeu explicações detalhadas sobre a utilidade e manuseamento de cada artigo exposto, tendo mostrado admiração pela conservação e datas de fabrico das mesmas.

Em declarações à imprensa, fez saber que a sua deslocação de três dias ao Moxico, visa constatar o estado do património cultural e das infra-estruturas existentes, bem como manter contacto com os agentes culturais de várias áreas, com destaque para dança, música e teatro.

Segundo o ministro, a província do Moxico tem muitos indícios culturais e há necessidade de se movimentar em todos os municípios para o seu levantamento e posterior classificação.

Cornélio Caley, logo à sua chegada manteve um encontro de cortesia com ogovernador provincial do Moxico, João Ernesto dos Santos “Liberdade”, e reuniu-se com trabalhadores da direcção provincial da Cultura.


O vice-ministro vai igualmente dissertar sobre o tema “A preservação do património histórico-cultural”, no Pavilhão Gimno-Desportivo “27 de Março”.

Exposição europeia de cartoons no Rossio

A exposição de cartoons “Diálogo Intercultural”, organizada pelo Museu Nacional da Imprensa (MNI) com a colaboração do Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural (ACIDI), será inaugurada amanhã, pelas 18 horas, na Estação do Rossio, em Lisboa.

Composta por 134 desenhos e inserida na Semana da Diversidade do ACIDI, esta mostra integra obras de artistas de 23 países europeus, tão diversos entre si como Alemanha, Azerbaijão, Bulgária, Espanha, Finlândia, Grécia, Itália, Polónia, Portugal, Roménia ou Turquia, sendo a nação euro-asiátiaca aquela que conta com o maior número de desenhos patentes.

Em comum, estas ilustrações têm a participação na segunda edição do Concurso Europeu de Cartoon, uma iniciativa do MNI cujo catálogo da primeira edição, em 2007, foi reconhecido como "o melhor produto de informação da União Europeia” sobre a temática da discriminação.

O catálogo deste ano conta com os 134 trabalhos seleccionados pelo júri para a mostra e contém ainda um prefácio de Jorge Sampaio, na qualidade de Alto Representante das Nações Unidas para a Aliança das Civilizações.

Durante a sessão inaugural serão entregues os prémios aos vencedores do concurso: o turco Musa Gumus, (1.º prémio e uma menção honrosa); o italiano Alessandro Gatto (2.º prémio); e o finlandês Heino Partanen (3.º prémio). Há ainda menções honrosas para Luc Vernimmen (Bélgica), David Vela (Espanha), Cristian Topan, Mihai Ignat e Pavel Constantin (Roménia) e Ahmet Aykanat e Oguz Gurel (Turquia).

A exposição “Diálogo intercultural” estará patente ao público até 5 de Junho e a entrada é gratuita.

"LivrosLivres" no Politécnico de Bragança

O IPB - Instituto Politécnico de Bragança (Norte de Portugal) lançou hoje uma campanha para incentivar o gosto pela leitura disponibilizando livros nos espaços públicos do campus académico para a comunidade escolar ler e partilhar.

A campanha, que foi baptizada com o nome LivrosLivres (LivLiv), aproveita um conceito já existente a nível mundial, o Bookcrossing ou BookRing para incentivar ao contacto com os livros na sua forma convencional, o papel impresso.

Segundo fonte do IPB, em cada uma das cinco escolas superiores do Instituto será colocada uma mesa, num espaço frequentado por todos, com livros e a informação relativa à campanha.

Os exemplares para o arranque da campanha foram disponibilizados gratuitamente por editores, livreiros e livrarias, entidades que pretendem aumentar ainda mais a oferta.

Junto ao espaço "LivLiv" estará disponível um contentor onde os cerca de seis mil alunos, além de professores e funcionários, poderão também contribuir com novos exemplares, aumentando desta forma o fluxo de leitura interna.

O Instituto Politécnico de Bragança pretende, desta forma, criar condições para que, nos seus espaços públicos, "alunos, funcionários e docentes possam ler, consultar, partilhar, folhear e consequentemente criar o gosto pela leitura e pela partilha de ideias e entendimentos, comentários e recomendações".

Para discutir a ideia, o IPB criou um blogue na Internet com o endereço:

domingo, 17 de maio de 2009

Memória que chora

Quando sonhei contigo
estava acordado na berma
da memória que transborda
de um coração que chora.
Olhei para essa saudade
mas só vi um infinito triste
também chorando lá longe
no meio do capim quente
como se mantivesse eterno
o calor dos corpos enrolados
que há muito, muito tempo,
por lá andaram em juras
de amor tão férreo
quanto o sonho que então
nos ajudava a amar sem pensar
na dor que um dia seria
ver-te dizer adeus na esquina
desse horizonte petrificado
que me faz ainda hoje
estar acordado na berma
da memória que ainda chora.

terça-feira, 12 de maio de 2009

“Pegadas do Passado” de Carlos Pedro

O estudante universitário Carlos Pedro vai publicar na sexta-feira, às 17h30, na sede da União dos Escritores Angolanos (UEA), em Luanda, a sua primeira obra literária intitulada “Pegadas do Passado”. A obra poética tem 28 páginas e sai a público com a chancela da UEA, com o apoio da Sonagol.

Segundo a secretária para as Actividades Culturais da UEA, Kanguimbo Ananás, o livro “Pegadas do Passado” vai ser publicado no âmbito da política de actividades culturais da União dos Escritores Angolanos, sendo esta a segunda obra a ser divulgada depois de “Angels” de Leilas dos Anjos.

A escritora explicou que os livros que a UEA publica passam primeiro pela mesa de literatura que tem a finalidade de analisar se a obra está ou não em condições de ser publicada.

Kanguimbo Ananás disse que a Brigada Jovem de Literatura de Angola deve ajudar os jovens que tencionam entrar no mundo da arte de escrever desde que o livro apresenta condições.

Segundo a escritora, os grandes nomes da literatura nacional como Agostinho Neto, Arnaldo Santos, Artur Pestana “Pepetela”, José Luís Mendonça, Manuel Rui Monteiro, Mendes de Carvalho, Óscar Ribas e Luandino Vieira começaram na juventude.

Fonte: Jornal de Angola

sábado, 9 de maio de 2009

"Consulado do Vazio” de Daniel Patissa

O escritor Daniel Gociante Patissa procedeu hoje, sábado, na cidade do Huambo a uma sessão de venda e de autógrafos da sua primeira obra literária, intitulada "Consulado do Vazio".

A referida obra, segundo o seu autor, é uma colectânea de 28 poemas, escritos durante 12 anos.

O escritor disse que a obra foi editada em Maio de 2008, altura em que foi colocada à disposição dos amantes de literatura, com uma tiragem inicial de 1 500, dos quais foram já comercializados 700.

Daniel Gociante Patissa que diz ter trazido apenas 150 exemplares para o Huambo, frisou que cada livro é comercializado ao preço de 500 kwanzas, para permitir que leitores possam adquirir a obra.

"É preciso democratizarmos o acesso ao livro. Se assim for, todos terão a possibilidade de comprar os livros e estaremos, então, a fomentar na população o gosto pela leitura", defendeu o autor, nascido no município de Bocoio, província de Benguela.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Antologia de poemas inéditos
de 32 autores cabo-verdianos

O jornalista português Francisco Fontes acaba de lançar na Cidade da Praia, Cabo Verde, uma antologia de poesia inédita que reúne poemas de 32 autores cabo-verdianos residentes no arquipélago ou na diáspora.

O lançamento de "Destino de Bai", livro coordenado por Francisco Fontes, jornalista da Agência Lusa, decorreu no Centro Cultural Português da Cidade da Praia, no quadro das celebrações do Dia da Cultura da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa).

A obra, que conta com poemas inéditos de autores consagrados e de outros menos conhecidos, entre eles José Maria Neves, actual primeiro-ministro de Cabo Verde, foi editada em 2008 em Portugal pela organização não governamental Saúde em Português, com prefácio de José Maria Neves.

sábado, 2 de maio de 2009

Para pior já basta assim

Pergunto à gente que não passa
se este país tem futuro,
o silência aponta a desgraça
desta forte dor que não curo.

Pergunto à gente moribunda
se vale a pena ainda sonhar,
o silência cala a profunda
dor de quem não sabe amar.

Pergunto à gente que corre
se ainda é possível salvar
a liberdade que aqui morre
debaixo do um triste olhar.

Pergunto à gente que está em pé
se a vitória ainda é possível.
Falam-me de sonhar e ter fé
para vencer esta dor terrível.

Pergunto à gente que se cala
se ser cobarde é a saída.
É um silêncio que também fala
e que quer significar vida.

Pergunto à gente sem coluna
se não a ter não é o fim.
A resposta é comum e una:
para pior já basta assim.