quarta-feira, 25 de março de 2009

Tito, o puto albino e os toyotas

Um puto albino
estava sempre lá,
calmo e sereno
como antevendo
que não valia
a pena chatices.
Sorria, falava pouco
mas tinha um olhar
tão vago e penetrante
como o pôr do sol.
Junto ao asfalto
da estrada para Luanda,
o Tito montava
o seu negócio.
Com carolos de milho,
cápsulas de cerveja
e uns pedaços de arame,
construía os automóveis
que vendia a todos
quantos amassem
verdadeiras obras primas
do artesanato.
Apesar de serem diversos
os modelos,
uns mais desportivos
outros mais de serviço,
o Tito só fabricava
uma marca: Toyota.
O Tito, aquele puto albino
de olhar tão vago
e penetrante
como o pôr do sol,
deixou no meu coração
um dos seus últimos Toyotas.


Obrigado Tito!

E foi assim... na Restinga

Quando a noite
chocou com a madrugada
depois daquele pôr do sol
a olhar o horizonte
que, na Restinga, sabia a infinito,
nada mais ficou igual
ao que se escrevia
nas fracas poesias
dos manuais escolares.
Eu descobri o sabor
das pitanhas em flor,
tu – talvez – o prazer
de amar e ser amada.
Foi assim, lá longe,
onde a saudade castiga mais,
na Restinga do amor
onde o horizonte sabia
(e sabia mesmo) a infinito.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Livro sobre São Tomé e Príncipe

No próximo dia 25, pelas 18 horas, será apresentado na sala 223 do ISCTE, Av. das Forças Armadas, em Lisboa, o livro “Desenvolvimento Comunitário: das teorias às práticas. Turismo, Ambiente e Práticas Educativas em São Tomé e Príncipe”, de co-autoria, com organização de Brígida Rocha Brito (coord.), Nuno Alarcão e Joana Marques. O livro é apresentado por Luís Moita, Vice-Reitor da Universidade Autónoma de Lisboa.

domingo, 1 de março de 2009

Obra de Jorge Castelo David
apresentada dia 6 em São Tomé

“Dicionário de Administração Eleitoral – Organização de Eleições Democráticas, Transparentes e Livres”, é uma obra do santomense Jorge Castelo David que no próximo dia 6 de Marco, na Mediateca do Banco Internacional de São Tome e Príncipe, entidade que patrocinou a obra, em São Tomé, vai ser, finalmente, apresentada ao grande público (e não porque o autor não tivesse querido fazê-lo mais cedo, nomeadamente, antes das eleições angolanas; contingências que o ultrapassaram e que nada tiveram a ver com o patrocínio impediram-no de o fazer).

A obra, que tem prefácio do Mestre Eugénio Costa Almeida, aborda os diferentes estágios que os pensadores políticos devem tomar em consideração quando querem apresentar a Democracia ao Povo.

Na Introdução, que pós-inicia com uma citação do antigo Secretário-geral das Nações Unidas, Boutros-Boutros-Ghali, sobre a Democracia não como sendo um modelo a copiar mas um objectivo a (re)conquistar por todos os Povos, Jorge Castelo David afirma que “A Democracia é uma vasta experiência humana que implica o desenvolvimento da consciência cívica e da cidadania. Ela é baseada na ideia de que cada cidadão e cada cidadã devem ter, ou melhor, têm o direito (natural) de se pronunciar sobre a forma como o seu país deve ser governado e a quem essa nobre missão deve ser confiada. O direito de escolher os responsáveis da Nação tem a dimensão de um dever de respeito obrigatório. Trata-se de um direito que não deve ser negociado mas sim um direito que deve ser exercido eternamente e por isso, defendido a qualquer preço. A democracia permite a livre expressão e a livre união para eleger os que mais garantias dão quanto à capacidade de interpretação correctamente das GOP (grandes opções do plano) das populações. O povo é realmente quem detém poderes naturais para administrar o património nacional. Através da eleição, ele cede/confia essa responsabilidade à um determinado grupo de compatriotas seus. Nessa cedência o povo vinca subentendidamente a necessidade da gestão ser feita na base da constituição da república e de legislações suplementares aplicáveis.”

Uma obra enriquecida com várias fotos do autor e de anónimos com que ele cruzou durante as suas actividades enquanto Especialista em Logística Eleitoral da MONUC (Congo Democrático) e dividida em 12 capítulos, o último dos quais é um Dicionário onde os termos eleitorais são colocados de forma clara e objectiva para todos o compreenderem.

Como afirma Eugénio Costa Almeida no final do Prefácio, “Esta vai ser uma obra para os nossos futuros dirigentes, analistas e cientistas políticos terem sempre em cima da sua secretária ao lado dos dicionários e de livros de referência de autores clássicos como a “História de África Negra”, de Ki-Zerbo, ou “Paz e Guerra entre Nações”, de Raymond Aron, ou o “Sistemas Políticos Africanos”, de Fortes e Evans-Pritchards, ou de mais recentes como M. Hardt e A. Negri (Império), Max Weber, Robert Michels (Para uma Sociologia dos Partidos Políticos na Democracia Moderna), entre outros.”