quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Silvino Évora lança “Rimas no Deserto”

‘Rimas no Deserto’ é o título da primeira obra poética de Silvino Lopes Évora que, depois de mais de uma década a escrever para círculos mais restritos, decide agora dar a conhecer ao grande público a sua poesia.

O livro será apresentado no próximo Sábado, dia 3 de Outubro, pelas 16 horas, na Livraria Les Enfantas Terribles, em Lisboa (Av. Frei Miguel Contreiras, n.º 52, Alvalade - junto à Av. de Roma). A apresentação está a cargo da jornalista portuguesa Otília Leitão.

Por outro lado, estará presente a moçambicana Elsa Noronha, especialista em cântico poético, que vai dizer alguns poemas do autor constantes na obra a ser apresentada. Para animar a plateia, vão fazer-se ouvir as vozes de Edson Alves e Ilda Fortes, que vão folhear o livro de conhecidas músicas nacionais, celebrizadas por grandes vozes que, ao longo dos tempos, deram melodia às letras cabo-verdianas.

Silvino Lopes Évora é natural de Chão Bom, Concelho do Tarrafal de Santiago. Depois de dois anos de experiência a dar aulas na Escola Secundária do Tarrafal, viajou para Coimbra para cursar Jornalismo, depois do qual especializou-se em Jornalismo Judiciário. Prepara, neste momento, a sua tese de doutoramento em Ciências da Comunicação na Universidade do Minho, onde, em 2006, concluiu o Mestrado na mesma área com a classificação máxima. A apresentação de ‘Rimas no Deserto’ em Cabo Verde acontece oportunamente.

Sinopse do Livro

Rimas no Deserto é uma obra híbrida que procura, através da poesia, captar a atmosfera social do mundo moderno, olhando para várias problemáticas, equacionando determinadas questões, interrogando a vida e a forma como, muitas vezes, certas pessoas têm que remar contra ventos e marés para poderem pôr de pé um projecto de vida.

Olha para Cabo Verde, questiona o impacto da falta de pluviosidade na vida das populações e a condição arquipelágica do país, que coloca as pessoas de frente com o mar, que é fonte de dor e de esperança: dor da saudade daqueles que partem e esperança de que possa ser o caminho para uma comunicação fluente com outros mundos.

A obra não olha só para o arquipélago, mas para a África, de uma forma geral, captando a forma anímica como as pessoas lutam para vencer, contrariando a força do vento. Daí rimarem no deserto, que é como quem diz, remarem contra as dificuldades.

Rimas no Deserto é uma obra abrangente. Da África, salta para a Europa, fala da magia da Cidade de Coimbra, canta a força das águas do Rio Mondego, o amor e aborda questões existenciais da vida, do lugar que a palavra ocupa para criar os sentidos à volta do ser humano, dos seus sentimentos, do seu mundo e da sua existência. Rimas no Deserto fala do mar, da partida, da saudade, do amor, do silêncio, da noite, do fogo do vulcão, da luz e das trevas, das superstições que povoam o imaginário das pessoas, da sensibilidade da mulher e até de heróis da guerra.

Excerto do Prefácio escrito por Albino Luciano Silva:

“Rimas no Deserto é um convite a uma viagem descalça à praia das nossas inquietações onde o passado, o presente e o futuro se confluem entre olhares de quem ganhou amores que se partiram, encontrou a beleza nas pequenas insignificâncias e a esperança em cada grão de areia que antes era parte consistente de uma rocha maior e que hoje, humildemente, acaricia os pés do viajante, ajudando-o a rimar pelas dunas deserto afora.

A sensibilidade com que o autor vestiu a obra permite-nos ver os grãozinhos de areia (as letras) como o conjunto de sementes (as palavras) que formam o nosso corpo (a frase) que, sozinhos, têm um significado desprezível, mas, cujo conjunto (o estrofe), descreve o poema de um ser atómico, de tez romântico e poético que habita dentro de cada um de nós. Um ser que rima, (des)construindo o seu próprio deserto, ou seja, a sua própria aventura”.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Victor Burity da Silva em Luanda e Maputo

Duas obras literárias em prosa, intituladas "Rua dos anjos" e "Este lago não existe", do autor Victor Burity da Silva, serão apresentados amanhã em Luanda.

As obras, a serem publicadas pela Plural Editores, empresa do grupo Porto Editora, devem ser apresentadas pelo também escritor Artur Pestana “Pepetela”.

Os livros que já estão disponíveis em Portugal através da Porto Editora, estarão também em Moçambique através da Plural Editores Moçambique.

Parte do “Rua dos anjos”, com 80 páginas, “está publicada em manuais escolares angolanos (12ª classe) e é estudada no ensino superior cabo-verdiano.

Segundo Pepetela, o livro “Este lago não existe” é “um longo poema de amor”, que “mescla luz e trevas, real e imaginário”, sendo propício para “ler devagar”.

As obras inauguram a "Colecção Literatura Plural", da editora Plural Editores.

Victor Burity da Silva nasceu na cidade do Huambo, a 28 de Dezembro de 1961, tendo estudado jornalismo em Lisboa, Portugal.

Arquitecto Souto Moura visita obra
do Coliseu de Viana do Castelo

O prestigiado arquitecto Souto Moura esteve em Viana do Castelo onde, com o Presidente Defensor Moura, efectuou uma visita de acompanhamento da obra do Coliseu, que deverá abrir no final do primeiro semestre de 2010. Durante a visita, o arquitecto acompanhou de perto o andamento da obra, que se encontra actualmente na difícil e complexa construção da laje de fundo do edifício.

A empreitada de construção, que já implicou o processo de perfuração e injecção de betão a jacto, para defender a estrutura da invasão de água junto à linha do rio Lima com a implantação de 800 colunas em betão com oitenta centímetros, parcialmente sobrepostas, passa agora pela complexidade de construção da laje de fundo, que serve de base ao edifício, que será caracterizado pela transparência do vidro.

O equipamento, desenhado por Souto Moura, terá uma área de implantação de 3.792 metros quadrados com 70,1 metros de comprimento, 54,1 metros de largura e 9,12 metros de altura. Situado junto ao rio Lima, o Coliseu estará preparado para acolher eventos de grande dimensão como festivais de música, concertos, cinema, congressos, exposições e feiras.

A capacidade do equipamento multiusos é de cerca de duas mil pessoas, podendo o número aumentar para o dobro nos casos de concertos musicais em que se assiste em pé. Para congressos e espectáculos, terá um palco com 15 por cinco metros, com capacidade de extensão até 15 por 15 metros, de acordo com as necessidades específicas de cada evento.

O Coliseu vai nascer ao lado da nova Biblioteca Municipal, projectada por Álvaro Siza Vieira, e da Praça da Liberdade, com edifícios administrativos da autoria de Fernando Távora.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Luandino Vieira apresenta livro em Portugal

A Biblioteca Municipal Manuel Teixeira Gomes (Portimão) recebe no dia 30 de Setembro o escritor angolano José Luandino Vieira, para a apresentação da sua obra «O Livro dos Guerrilheiros», que acaba de ser editada em Portugal.

A sessão está marcada para as 18h30 e nela o autor, que participou no movimento que originou a República Popular de Angola, falará sobre o sentido e as motivações que radicam no fenómeno da guerrilha e dos guerrilheiros no seu país, não formulando respostas, antes recolocando questões que legitimam o mergulho na memória que é feito no livro agora lançado.

No mesmo dia, o autor visita ainda a Biblioteca Municipal de Loulé às 21h30, também com o propósito de apresentar «O Livro dos Guerrilheiros».

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

... e existem pelo pelo menos 100 razões!

No âmbito da comemoração do 1º aniversário da realização das segundas Eleições Legislativas em Angola, Vasco Cristóvão lançará um livro cujo conteúdo aborda irregularidades e violações as Leis, vividas nas Eleições Legislativas de 2008 em Angola, contribuindo assim para que qualquer nova eleição não se realize com o mesmo ambiente vivido nas referidas eleições. A cerimonia de lançamento do livro realizar-se-á na sala do Cinema São Domingos, anexa a Paróquia Nossa Senhora de Fátima no Bairro Nelito Soares, em Luanda no próximo Sábado, dia 26 de Setembro de 2009 pelas 11 horas.

domingo, 20 de setembro de 2009

Só 28 estátuas ganharam nova casa

«A centena de estátuas Homem T que estiveram durante Julho e Agosto na Avenida dos Aliados, no Porto, foram ontem, sábado, a leilão. Durante mais de uma hora, foram arrematados 28 bonecos, num total de licitações que ultrapassou os 17 mil euros.»

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Núcleo Museológico em Castelo de Neiva

A Câmara de Viana do Castelo (Portugal) abre domingo, pelas 11h00, mais um Núcleo da Rede de Núcleos Museológicos do Museu do Traje. Trata-se de um espaço dedicado ao Sargaço, actividade tradicional de Castelo de Neiva, em cuja antiga escola primária vai ser instalado o novo núcleo.

A abertura do espaço museológico é fruto de uma parceria entre a Câmara Municipal e os grupos folclóricos de Castelo de Neiva e integra ainda a inauguração do novo centro cívico da freguesia.

Este núcleo museológico integra uma exposição onde constam objectos ligados à apanha do sargaço como um palheiro de sargaço, uma jangada e utensílios diversos utilizados mas também uma mostra com imagens da apanha do sargaço em Castelo de Neiva, o visionamento de um filme sobre o sargaço, suas tradições e história e ainda a mostra dos vários tipos de sargaço e a nova colecção de sabonetes feitos com base nas algas colhidas na freguesia, e que será apresentada nesta cerimónia.

Do programa de inauguração consta uma visita à praia da Pedra Alta durante a baixa-mar a partir das 10h00 e uma apresentação, pelas 12h00, que será feita pelo Professor Doutor Leonel Pereira, do Departamento das Ciências da Vida da Universidade de Coimbra, coordenador nacional do portal português de macro-algas e um dos responsável da Algoteca da Universidade de Coimbra.

O novo Núcleo Museológico do Sargaço de Castelo de Neiva integra a Rede de Núcleos Museológicos do Museu do Traje, que integra ainda os núcleos dos Moinhos de Água da Montaria, o Museu do Pão de Outeiro (cujas visitas podem integrar a cozedura de pão), o Museu Agro-Marítimo de Carreço e os moinhos de vento de Carreço (onde, em visitas organizadas, podem ser feitos piqueniques junto ao moinho com aperitivos como a famosa salada de “lamparões).

Para além do novo Núcleo Museológico do Sargaço de Castelo de Neiva, a Câmara Municipal de Viana do Castelo está também a preparar a inauguração do Núcleo Museológico da Casa das Artes / Centro Histórico de Darque e, na forja, está também um núcleo museológico dedicado ao linho, a instalar na freguesia de Perre.

Esta Rede de Núcleos Museológicos é dinamizada pelo Museu do Traje de Viana do Castelo, situado na Praça da República em modernas instalações que surgem da remodelação do edifício Estado Novo do antigo Banco de Portugal, e que organiza visitas ao espaços que, aliás, tem registado uma grande número de visitas.

sábado, 12 de setembro de 2009

Honoris Causa para Malangatana

O pintor moçambicano Malangatana disse hoje que no próximo ano irá receber o grau de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Évora, distinção que o deixa "muito contente".

"Ainda não tem data marcada mas é muito possível que seja em Fevereiro", informou hoje o pintor à agência Lusa na Guarda, à margem da inauguração de uma exposição na galeria de arte do teatro municipal local.

Malangatana Valente Ngwenya, que já possui um título idêntico atribuído pela Universidade Politécnica de Maputo, afirmou que recebeu a notícia "com grande satisfação" e que ficou "muito contente".

"Já me foi dada carta aberta para ter um padrinho, vou-me preparar para ver o que posso apresentar para esse prémio que vou receber e estou a preparar uma exposição" para Évora, adiantou.

Malangatana nasceu em Matalana, distrito de Marracuene, Moçambique, a 6 de Junho de 1936 e expõe pela primeira vez na cidade da Guarda.

A mostra intitula-se "Encontro com Malangatana" e ficará patente na galeria de arte do Teatro Municipal da Guarda (TMG) até 01 de Novembro.

É composta por três secções, uma com 21 desenhos (que pintou para ilustrar o livro "24 poemas e outros inéditos"), outra com 18 desenhos a tinta-da-china (elaborados entre os anos de 1970 e 2008) e a terceira composta por 18 pinturas (desde 1971 até aos dias de hoje).

O pintor disse à Lusa que está "feliz" por expor na galeria de arte do TMG, numa cidade do Interior do país.

"Sinto-me feliz porque estive em muitas partes do mundo e nesta parte do Interior o desenvolvimento não é como em Lisboa, Porto ou Coimbra, mas existe um teatro muito multifacetado, que permite que as pessoas que não se podem deslocar a Lisboa ou ao Porto possam ter aqui uma gastronomia cultural sem grande dificuldade", considera.

O pintor explicou que nas obras expostas aborda temas diversos como "situações do dia-a-dia, o erotismo, o sensualismo da vida, a mentalidade do homem, sonhos passados e presentes e um pouco as turbulências" da sua vida.

"Nalguns casos até aponto uma certa raiva em relação aos acontecimentos a que temos assistido em pleno século XXI, como as guerras", explicou.

Américo Rodrigues, director artístico do TMG, referiu o facto de a mostra incluir "desenhos e pinturas que são expostas pela primeira vez", que fazem parte da colecção privada do artista.

"Para nós é uma grande honra recebê-lo aqui", disse o responsável TMG, dirigindo-se a Malangatana e referindo que o nome do pintor estava na agenda do teatro "desde o primeiro minuto, pelo brilhantismo do seu trabalho, da sua carreira, pela afirmação que tem a nível internacional e, também, por África".

Na inauguração da exposição "Encontro com Malangatana", comissariada por Filomena André, também marcaram presença o director regional da Cultura do Centro, António Pedro Pita, e o vereador do pelouro da Cultura da Câmara da Guarda, Virgílio Bento.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Fernando Pessoa na Escola Filipa de Vilhena

O Grupo de Teatro da Escola Secundária Filipa de Vilhena, no Porto (Portugal), tem habituado quer os alunos quer o público em geral à apresentação do seu trabalho no final do ano lectivo.

Este ano, devido a uma produção mais demorada, a apresentação foi adiada para o início do ano lectivo. Trata-se de uma curta-metragem que será mostrada pela primeira vez no dia 14 de Setembro, pelas 21h30, no Anfiteatro.

As comemorações dos 120 anos do nascimento do poeta Fernando Pessoa inspiraram a realização deste filme que, segundo os elementos do grupo, é apenas mais um olhar sobre o processo de escrita e sobre o jogo dos heterónimos mais conhecidos do grande público, Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis.

Para que haja distinção do trabalho realizado no âmbito da Oficina de Expressão Dramática, o grupo de teatro da Escola Secundária Filipa de Vilhena, passa a chamar-se "Máquina de Nuvens".

... No Teatro Nacional Chá de Caxinde

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

“O Escurial”, pelo Teatro Art’ Imagem

Estreia no próximo dia 19 (sábado), às 21:30, no auditório da Quinta da Caverneira (Águas Santas, Maia, Portugal), a 92ª criação do Teatro Art’ Imagem, intitulada “O Escurial”. As sessões serão às 21:30 de terça a sábado e às 16:00 de domingo.

Ficha artística:

Texto de Michel de Ghelderode
Encenação e interpretação: Flávio Hamilton e Valdemar Santos
Desenho de luz: Leuman Ordep
Concepção plástica: Teresa Alpendurada

Sinopse:

Um rei, vagueia solitário na sua própria loucura e diverte-se com ela. Num espaço muito próximo, a rainha agoniza no leito de morte, envenenada, assassinada no seu próprio palácio. Um monge prepara-se para as honras fúnebres, observando de perto a clepsidra do expirar de mais uma alma. Nos bastidores deste terror, um bobo, tratador de cães, obriga-se por dever, divertir o rei, nos jogos que este mesmo cria, para conforto do seu sadismo e crueldade. Tudo se passa nos últimos momentos de vida da rainha…

Sobre o texto:

Em “O Escurial”, Michel de Ghelderode expõe o homem no seu limite mais básico; um Rei refém da sua loucura e um Bobo escravizado à sua condição de plebeu. Mas o Autor vai mais além e inverte os papéis. Se por um capricho da vontade (do Rei), o bufão ascende à cadeira do poder, confundir-se-á ele com a figura do opressor?

Sobre o Autor:

Michel de Ghelderode é o pseudónimo do belga Adhemar Martens, escritor nascido em Bruxelas, a 3 de Abril de 1898, numa família de origem flamenga. Aos dezasseis anos é atacado pelo tifo, tragédia que o faz experimentar a proximidade da morte, o que o leva a interromper os estudos. Descobre então o teatro Isabelino, o repertório clássico espanhol, Strindberg, Goethe e as marionetas.

O seu teatro irá explorar sempre a condição humana em todo o seu horror e crueldade. Ao contrário de uma vida feita de quietude e fragilidade, a sua obra é vital, polémica e explosiva. Entre os seus sucessos, contam-se obras como Os cegos, O estranho e o cavaleiro, Escola de bufões, O escurial, Barbarás, Christophe Colomb. Em 1950, Gallimard inicia a publicação do seu teatro completo. Morre a 1 de Abril de 1962 em Bruxelas.

Os temas obcecantes da morte, da dor, da irrisão e da loucura, exprimem-se sem recurso à metafísica, num estilo próximo dos mistérios, numa linguagem que se entrega, na sua extravagância, como veículo do espírito atormentado e do corpo torturado. Esforçando-se por voltar às origens do teatro vivo e popular, rejeita a psicologia, substituindo-a pelos elementos visuais e gestuais, atribuindo aos objectos e ao cenário um valor de símbolos.

“Para mim, o teatro é um jogo do instinto. O autor dramático, não deve viver senão de visão e de adivinhação. A inteligência é secundária”.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Alberto Carneiro na Fernando Santos

A Galeria Fernando Santos inaugura, no Porto, Portugal, no próximo dia 19 de Setembro a exposição de desenho e escultura de Alberto Carneiro, "A Oriente na Floresta de Ise-Shima".

Escultor com um vasto currículo, e considerado por muitos o escultor maior da Arte Portuguesa Moderna e Contemporânea, Alberto Carneiro apresentará como peça central da exposição, a Obra "A Oriente na Floresta de IseShima", 1996/97, apresentada no CAM ­- Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa em1997, sobre a qual o próprio artista escreve:

"Não se realizará a obra de arte como um indispensável bem social entre correspondências culturais da identidade dos povos, das etnias, das civilizações e, simultaneamente, na sincrética possibilidade de ela poderresponder a todos os autismos estéticos na mais retirada das manifestaçõespessoais de fruição? A obra de arte não tem tempo, movimenta-se no espaço da nossa consciência histórica. O tempo dela pertence a cada momento de fruição. E é no espaço simbólico que ela se autentica como referência para anossa vivência estética.".

Um conjunto de desenhos recentes e inéditos.

- Esculturas recentes e recentemente apresentadas na exposição, "As Árvores como os rios correm para o Mar", que teve lugar no passado mês de Março na galeria Municipal da Câmara de Matosinhos.

Tal como Paulo Pires do Vale escreve no catálogo dessa exposição "As Árvorescomo os rios correm para o Mar" "(...) É essa energia ligada à terra-mãe fecundada pela água-da-vida que se manifesta na obra de Alberto Carneiro: as árvores como os rios fluem para o mesmo mar. Os símbolos polissémicos que o escultor retoma, como aqueles presentes no título desta exposição, com as suas diferenças e matizes insubstituíveis, remetem todos para a origem, para o tempo dos começos. Alberto Carneiro procurou, desenvolveu e recriou uma linguagem ancestral e perene, linguagem pré-judaico-cristã que se sabe pós-cristã. (...) A árvore é, para ele, verdadeira "mandala vertical" - que o artista identificará em 1978 com o seu próprio corpo: Ele mesmo mandala emsi.

A obra de Carneiro desenvolve-se, como dizíamos, em redor de uma erótica da terra.

Alberto Carneiro propõe nas suas obras uma arqueologia da carne: não éa "espiritualização" do corpo que está aqui em causa, mas a compreensão da reversibilidade essencial da carne que se compreende como relação. É ao ser-incarnado em abertura ao mundo que nos dirige. O corpo é coisa e mediação das coisas. Linguagem que transporta sempre um fio de silêncio, eessa reversibilidade é-nos essencial: "O invisível, o espírito, não é outrapositividade, mas o avesso, o outro lado do visível".

É o tocante que sesente enquanto tocado quando toca. Sentir é sentir-se, e as obras deste artista demonstram o carácter reflexivo do encontro com o mundo e os outros. Há, assim, a recusa do puro objecto, para se perceber a relação íntima dele com o sujeito: no fundo, aqui, sujeito (Eu) e objecto (Natureza) são um. É anatureza em nós, e nós na natureza.

Relação: entre o escultor e a matéria; entre os vários elementos que constituem a obra; e entre a obra e o experimentador, que através dela refigura o seu mundo. O artista não representa nem árvores, nem rios, nem corpos. Facilita a possibilidade de o espectador encontrá-los em si mesmo.(...)

O trabalho continuado e persistente de Alberto Carneiro é eco de um estremecimento longínquo, um tremor que da terra nos toma o corpo. Ele não esconde a perplexidade, deixa-nos no aberto, na clareira de um bosque, dentro do que nos é infinitamente próximo e que estranhamos. Não nos oferece o conforto de uma lógica, de uma moldura, de uma distância de segurança: em espiral faz-nos percorrer o espaço da nossa própria memória e corpo, em direcção a essa profunda identidade com a terra, a montanha, o rio e o bosque. A sua árvore soube criar raízes profundas no betão.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Exposição do Ouro de Viana do Castelo
viaja até São Salvador da Bahia (Brasil)

A exposição do ouro de Viana do Castelo (Portugal), que esteve patente no Museu do Traje de Viana do Castelo e seguiu depois para o Museu Nacional de Arqueologia durante o período de assinatura do Tratado de Lisboa (Dezembro de 2007) e para a Corunha, vai viajar até à capital da Bahia, no âmbito das Comemorações do 40.º aniversário da fundação do Museu e dos 500 anos do naufrágio de Diogo Álvares – o Caramuru.

A viagem da exposição do ouro de Viana do Castelo, que estará patente entre Novembro de 2009 e Fevereiro de 2010 e será inaugurada a 05 de Novembro (data da fundação do Museu), nasceu de um convite feito pela directora do Museu com sede em S. Salvador da Bahia e foi secundado pelo Cônsul de Portugal na Bahia, por considerar que a exposição e a inauguração do monumento ao herói Caramuru seria uma excelente oportunidade de divulgar a cultura viananse e fortalecer as relações históricas e diplomáticas com S. Salvador da Bahia, com quem Viana do Castelo está geminada.

A exposição de ouro tradicional que será exposta na Bahia aborda o passado e o presente do ouro tradicional de Viana do Castelo, integrando peças como as arrecadas, os brincos à rainha e os fios de ouro, característicos dos trajes utilizados pelas mulheres de Viana do Castelo.

A mostra, que integra os trajes de Perre e Areosa devidamente apetrechados com ouro e a imagem de Nossa Senhora das Dores da Meadela, inclui ainda a exibição de um filme produzido pela Ao Norte - Associação de Produção e Animação Audiovisual que, para além das peças do ouro de Viana do Castelo, apresenta imagens das oficinas dos artífices de ourivesaria em Sobradelo de Goma e do Museu do Ouro de Travassos (Póvoa de Lanhoso).

Teatro cómico na Maia em Outubro

Vai decorrer de 2 a 10 de Outubro a 15ª Edição do Festival Internacional de Teatro Cómico da Maia, uma iniciativa da Câmara Municipal Maia (Portugal) em colaboração com o Teatro Art'Imagem, responsável pela produção e direcção artística.

Este festival, único no género em Portugal, tem vindo a apresentar o teatro cómico em todas as suas vertentes, da grande comédia - clássica ou contemporânea, ao teatro de rua, do musical à mimica, do "stand-up-comedy" ao novo circo, das marionetas ao café-teatro, da nova "comedy" à "musicomédia", trazendo à cidade da Maia prestigiadas companhias nacionais e estrangeiras que apresentam os seus espectáculos para um numeroso público, que na última edição ultrapassou os 12 mil espectadores

Para a edição deste ano, cuja a programação completa será dada a conhecer a partir de 15 de Setembro, a maior parte dos artistas e companhias convidadas apresentam-se pela primeira vez na Maia e, as estrangeiras, em Portugal, abarcando os seus espectáculos mulcifacetadas visões e formas como o humor é hoje representado no teatro e artes performativas.

Podemos desde já adiantar, que para além de prestigiadas companhias nacionais estarão presentes colectivos artísticos de várias regiões de Espanha, Argentina, Brasil, Guiné-Bissau e Inglaterra.

Leo Bassi, o irreverente "clown" italo-americano radicado em Espanha volta ao Festival com a sua nova criação "Utopia" e a companhia de teatro cómico mais internacional espanhola Yllana apresenta-se também com os seu novo espectáculo "Zoo", dois espectáculos a não perder, dado que o público do Festival conhece bem estes dois nomes do teatro cómico mundial.

Os muitos espectadores do FITCM poderão, assim, assistir a uma miscelânea de géneros e disciplinas teatrais que constituirão um verdadeiro panorama do teatro cómico contemporâneo, onde a inteligência e o divertimento se entrelaçam harmoniosamente num humor libertador.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

"Uma questão de carácter"

O empresário Rui Moreira, presidente da Associação Comercial do Porto (Portugal), lança quinta-feira o livro "Uma questão de carácter", onde lamenta que a cidade esteja "mais fechada e mais agreste" do que é sua tradição.

Na introdução, Rui Moreira explica que o livro surgiu na sequência da sua participação, em Março de 2009, no ciclo de conferências "Olhares Cruzados", promovido pelo Público e pela Universidade Católica, sobre "O Porto e o Mundo".

Terminado o ciclo, o empresário sentiu que muito tinha ficado por dizer sobre a sua visão para o Porto no contexto nacional e internacional, pelo que decidiu avançar para um livro num momento em que, como refere na introdução, o Porto de antigamente, liberal, amante do trabalho, orgulhoso, está a ficar, "enquanto sociedade, menos liberal e permeável, mais fechado e agreste".

"Até as suas elites parecem desmobilizadas, descrentes e, por vezes, rancorosas", lamenta, citando Agustina Bessa-Luís para dizer que a cidade "perdeu a sua graça".

"É dessa falta de graça que se queixam alguns dos que sempre gostaram do Porto e que hoje, quando por cá passam, se espantam ou até se horrorizam com o que ouvem", acrescenta.

Rui Moreira considera que o Porto de hoje "corre um risco inédito, porque o fim da sua burguesia liberal, o envelhecimento das suas elites tradicionais, parece estar a ocorrer em simultâneo com o aparecimento, aqui e ali, de um proselitismo que não é de bom augúrio nem poderá trazer nada de bom".

Rui Moreira refere-se nomeadamente a "uma nova forma de arrogância, por vezes 'rebocada' pelos êxitos do Futebol Clube do Porto, que parece estar na moda e que nada tem a ver com a velha rudeza que caracterizava a sociedade portuense".

Estes novos tempos e ventos merecem outros lamentos do empresário ao longo do livro: "vão longe os tempos em que a comunicação social do Porto e, em particular, a sua imprensa escrita tinha uma enorme importância. Através da notícia e da opinião, projectava-se a imagem do Porto, da sua cultura e da sua sociedade, muito para além das suas fronteiras".

"Naturalmente, propiciava-se assim a existência de uma forte opinião pública e criavam-se condições para a afirmação e permanente renovação das elites da cidade", recorda.

Hoje, lamenta Rui Moreira, "infelizmente não é assim. Com as televisões e as rádios concentradas na capital, a nossa cidade só é notícia graças às vitórias desportivas do FC Porto e por via das desgraças ou tragédias que acontecem".

"Uma questão de carácter" tem prefácio de Adriano Moreira, que lamenta a "crise da confiança" dos povos ocidentais nos seus Estados, porque "nenhum deles conseguiu salvaguardar as estruturas tradicionais abaladas pelo globalismo sem governança que lhes desactualizou os conceitos estratégicos".

Adriano Moreira considera que, face ao que classificou de "desastre financeiro mundial", o caminho de diminuição do papel do Estado "a favor das privatizações que cresceram do ensino e da economia até à crescente privatização da guerra", sintetizado na máxima "menos Estado e melhor Estado", conduziu as estruturas "à falta de Estado suficiente e sem lideranças".

Fonte: Lusa/Expresso