terça-feira, 30 de junho de 2009

Prémio Matilde Rosa Araújo na Lusofonia

O concurso de Conto Infantil - Matilde Rosa Araújo, criado pela Câmara da Trofa (Portugal), chega este ano, pela primeira vez, aos países lusófonos levado pelo Instituto Camões.

"O concurso Conto Infantil - Prémio Matilde Rosa Araújo vai chegar a todos os países de língua oficial portuguesa", anunciou Bernardino Vasconcelos, o autarca da Trofa, após a assinatura de um protocolo de colaboração com o Instituto Camões.

Há oito anos que o município da Trofa realiza um concurso de contos infantis que já recebeu candidaturas de dois mil autores, amadores e sem nenhum livro publicado.

O protocolo assinado com o Instituto Camões permite a participação de autores de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, S. Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

Caberá ao Instituto a recepção e selecção dos contos candidatos ao concurso nos novos países aderentes e a publicação da obra seleccionada na Biblioteca Digital do Centro Virtual Camões.

Em Portugal, será a Câmara da Trofa a receber e seleccionar as obras a concurso.

"A parceria entre o município da Trofa e o Instituto Camões visa valorizar não só a cultura, mas também e fundamentalmente a língua portuguesa", salientou Bernardino Vasconcelos.

O concurso Conto Infantil - Prémio Matilde Rosa Araújo decorre entre Outubro e Abril de cada ano e premeia contos que tenham as crianças como público-alvo.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

"No Inferno", de Arménio Vieira, presente
em alguns palcos brasileiros e portugueses

O Grupo de Teatro do Centro Cultural Português do Mindelo começa em Julho uma digressão por palcos brasileiros, cabo-verdianos e portugueses para mostrar a peça "No Inferno", baseada na obra homónima do escritor cabo-verdiano Arménio Vieira, Prémio Camões 2009.

João Branco, director artístico do grupo de teatro, adiantou que a estreia decorrerá no Rio de Janeiro, no dia em que Cabo Verde comemora 34 anos de independência, a 05 de Julho, no Festival Internacional de Teatro em Língua Portuguesa (FESTLIP), com a peça a ser apresentada novamente a 09 e 11 do mesmo mês.

No regresso a Cabo Verde, o grupo apresenta a peça dia 17 de Julho na Cidade da Praia, terra natal do autor da obra, e onde decorrerá, dois dias depois, o Conselho de Ministros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

"No Inferno" integra a Semana Cultural da CPLP, que contará com a presença, já confirmada, do autor da obra agora adaptada ao teatro, aproveitando-se para homenagear o vencedor do Prémio Camões 2009.

A segunda temporada de "No Inferno" começa em Setembro em Portugal, onde será apresentada na Mostra Internacional de Teatro de Oeiras (MITO), a 04 e 05 desse mês.

No regresso a Cabo Verde, "No Inferno" será o grande destaque do Festival Mindelact 2009, com a apresentação agendada para 13 de Setembro.

João Branco, director artístico do GTCCPM, acredita no entanto que a carreira internacional de "No Inferno" continuará para além do MITO.

"O impacte do Prémio Camões atribuído ao poeta Arménio Vieira, autor da obra original, assim como o prestígio já granjeado pelo nosso grupo nas muitas participações em eventos internacionais, fazem com que muito possivelmente esta produção não páre por aqui", diz João Branco.

Para o director artístico do Grupo de Teatro do Mindelo, a qualidade cénica, dramatúrgica e o trabalho dos actores, desta que é a 43ª produção teatral, foram já alvo de grandes elogios na estreia ocorrida no Mindelo, "onde as duas apresentações souberam a pouco, tendo ficado muito boa gente com vontade de ver o espectáculo".

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Saudades de Ildo Lobo

Já lá vão quase cinco anos. Foi a 20 de Outubro de 2004, que Ildo Lobo, uma das vozes maiores de Cabo Verde e da Lusofonia, deixou de nos (en)cantar.

Ildo Lobo foi uma das figuras de proa e vocalista dos Tubarões, grupo que marcou a música de Cabo Verde e da Lusofonia a partir da época da independência, em 5 de Julho de 1975, até à década 90 do século XX.

Ildo Lobo deu voz a compositores como Manuel d´Novas e Renato Cardoso e interpretou as grandes mornas que marcaram a sociedade cabo-verdiana como "5 de Julho", "Cabral Ká Morri" e "Porton di Nôs Ilha".

Quem não se recorda da sua homenagem a Timor-Leste durante a "luta de independência deste país com o funaná "Ask Xanana"?

Que saudade de “Nha Testamento”, gravada por ele mesmo em “Nôs Morna”; “Zebra”, gravada pel´Os Tubarões e por Cesária Évora; “Panhal na Toc”, “Strela Negra”, “Pensamento” e “Separação”.

Onde estiveres aceita um kandandu.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

“O Pai do Nacionalismo Angolano”

A obra “O Pai do Nacionalismo Angolano” que retrata a vida e obra de Holden Roberto já está à venda, em Luanda, numa iniciativa da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA).

O livro está a ser comercializado no valor de cinco mil Kwanzas, sendo este o primeiro volume que abarca o período compreendido entre 1923/1974.

Segundo o autor da obra, João Paulo Nganga, “Holden Roberto constituiu um grito de liberdade das colónias portuguesas de África, uma vez que o líder integrou o novo conceito dos países lusófonos na guerra de libertação contra a opressão colonial”.

Na ocasião, o presidente da FNLA, Ngola Kabangu, disse esperar com o lançamento destas memórias que o povo angolano venha a adquirir mais conhecimentos sobre a História do seu país, como era desejo expresso do seu autor.

“Os dois volumes embora heterogéneos têm o condão de ter uma simbiose contrariante, porque se quisermos encurtá-la, alongamo-la e ao tentarmos fazê-lo de maneira extensa, damo-nos conta de que, realmente, o que dissemos não passa de um resumo", afirmou o politico ao apresentar a obra.

Em declarações à Angop, Ngola Kabangu afirmou que “a partir de agora, estarão disponíveis as informações vitais sobre o que realmente aconteceu no país, desde as revoltas das populações contra a opressão colonial, até à independência nacional”.

O escritor Mendes de Carvalho valorizou a obra, afirmando que “o titulo deste livro o Pai do Nacionalismo Angolano, Álvaro Holden Roberto, é certo, pois como também a Rainha Nzinga Mbandi, o rei Mandume do Bailundo, o rei Ngola Kiluange e muito mais são realmente nacionalistas”.

Enalteceu a coragem de João Paulo Nganga por ter publicado esta obra que retrata as memórias do líder histórico da FNLA.

Álvaro Holden Roberto nasceu em Mbanza Congo, província do Zaire, no dia 12 de Janeiro de 1923 e faleceu a 2 de Agosto de 2007 em Luanda, vítima de doença e marginalizado pelo poder.

Nota de 29.6.2009: "O Livro "O Pai do Nacionalismo Angolano. As memórias de Holden Roberto VolI-1923-1974" são uma edição de autor e não são nem nunca foram uma iniciativa da FNLA - Frente de Libertaçao Nacional de Angola. Agradecia a correcção e agradecimentos sentidos à divulgação.
Joao Paulo Nganga"

quarta-feira, 24 de junho de 2009

De Cabo Verde para todo o mundo

http://livroditera.blogspot.com

Xé menino não fala política (Velha Chica)

Antigamente a velha Chica
vendia cola e gengibre
e lá pela tarde ela lavava a roupa
do patrão importante;
e nós os miúdos lá da escola
perguntávamos à vóvó Chica
qual era a razão daquela pobreza,
daquele nosso sofrimento.
Xé menino, não fala política,
não fala política, não fala política.

Mas a velha Chica embrulhada nos pensamentos,
ela sabia, mas não dizia a razão daquele sofrimento.
Xé menino, não fala política,
não fala política, não fala política.

E o tempo passou e a velha Chica, só mais velha ficou.
Ela somente fez uma kubata com tecto de zinco, com tecto de zinco.
Xé menino, não fala política, não fala política.

Mas quem vê agora o rosto daquela senhora, daquela senhora,
só vê as rugas do sofrimento, do sofrimento, do sofrimento!
Xé menino, não fala política,
não fala política, não fala política.
E ela agora só diz:
“- Xé menino, quando eu morrer, quero ver Angola viver em paz!
Xé menino, quando morrer, quero ver Angola e o Mundo em paz!”

Autor: Waldemar Bastos

sábado, 20 de junho de 2009

Deixem-me chorar enquanto ouço Angola

Deixem-me chorar baixinho
enquanto ouço Teta Lando,
deixem-me ser adulto e criança
na saudade que anda devagarinho
quando parado vou andando
nesta dor de tanta esperança.

Deixem-me chorar baixinho
enquanto ouço Elias Dia Kimuezo,
deixem-me sonhar mais um dia
olhando o horizonte mesquinho
de um sofrimento bem coeso
aliviado apenas por uma poesia.


Deixem-me chorar baixinho
enquanto ouço Carlos Lamartine
entrar numa alma despedaçada,
como se fosse um passarinho
que, como eu, também não atine
com a mangueira estilhaçada.

Deixem-me chorar baixinho
enquanto ouço até Rui Mingas
nas ruas da minha memória,
esburacada pela falta de carinho
que anoitece enquanto gingas
numa saudade carente de história.

Deixem-me chorar baixinho
enquanto ouço o Paulo Flores
cantar um semba de verdade.
Deixe-me chorar bem pertinho
de todos os grandes amores
que hoje apenas são saudade.

Património Mundial da Humanidade
- Cidade Velha (Cabo Verde) merece!

O primeiro-ministro cabo-verdiano escreveu cartas a vários chefes de Estado e de Governo a pedir apoio para a candidatura da Cidade Velha a Património Mundial da Humanidade, decisão que a UNESCO anunciará segunda ou terça-feira em Sevilha (Espanha).

Numa nota de imprensa, o gabinete do primeiro-ministro dá conta de que José Maria Neves enviou cartas aos presidentes de Cuba, Peru, EUA, Brasil e Nigéria e aos primeiros-ministros de China, Marrocos, Madagáscar, Israel, Quénia, Suécia, Barbados, Espanha, Canadá, Maurícias, Egipto, Jordânia, Tunísia e Bahrein, países que a partir de segunda-feira decidem sobre a candidatura da Cidade Velha, 15 quilómetros a oeste da Cidade da Praia.

Há alguns meses, José Maria Neves escrevera também missivas aos primeiros-ministros de Portugal, Senegal, França e Luxemburgo a pedir também apoio à candidatura daquela que foi a primeira cidade portuguesa a ser erigida em território africano em pleno século XVI.

No início da semana passada, numa visita oficial às ilhas Canárias, José Maria Neves discutiu o apoio que Espanha tem vindo a dar às pretensões de Cabo Verde, tendo em conta que Madrid tem dado um importante contributo à recuperação da Cidade Velha, também conhecida como Ribeira Grande de Santiago.

A 11 deste mês, a Fortaleza de São Filipe, um dos "ex-libris" da Cidade Velha, foi eleita como uma das sete maravilhas de origem portuguesa no mundo, tendo o ministro da Cultura cabo-verdiano, Manuel Veiga, sublinhado que essa decisão poderá influenciar "positivamente" a candidatura.

Na ocasião, Manuel Veiga disse que Comité para o Património Mundial da UNESCO "não poderá ignorar" esta classificação.

"O concurso foi lançado a nível mundial. Foram pessoas em redor do mundo que votaram na Cidade Velha, entre os 27 grandes monumentos no mundo. O Comité (da UNESCO) não poderá ignorar isto", insistiu.

A Fortaleza Real de São Filipe foi erguida no contexto da Dinastia Filipina após os sucessivos ataques e assaltos do corsário inglês Francis Drake (entre 1578 e 1585), visando a defesa da Cidade Velha e do seu ancoradouro.

As obras foram iniciadas em 1587 e concluídas em 1593, mas, em 1712, foi novamente tomada de assalto, desta vez por corsários franceses, que, em seguida, saquearam violentamente a cidade, incendiando-a. A fortaleza acabaria por ser reconstruída na segunda metade do século XVIII.

Mais recentemente, em 1999, a Fortaleza Real de São Filipe sofreu intervenções de conservação e restauro, enquadrado no plano de recuperação da Cidade Velha, sob a coordenação do arquitecto português Siza Vieira, financiado pela Agência Espanhola de Cooperação Internacional.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

"Porto - nos Atalhos da História"

O jornalista e historiador Germano Silva, que este ano comemora 50 anos de carreira, apresenta sábado o seu 22º livro sobre a história e tradições do Porto, com o mesmo objectivo de sempre "ajudar a preservar o património da cidade".

O livro "Porto - nos Atalhos da História" reúne mais um conjunto de crónicas que o autor publica há vários anos, aos domingos, no Jornal de Notícias.

"São crónicas que têm um sentido pedagógico porque dão a conhecer a história da rua onde moram ou da igreja onde vão à missa e assim motivam as pessoas a contribuir para a preservação do meio onde vivem ou trabalham", disse Germano Silva.

Em declarações à Lusa, o autor congratulou-se com o facto desse objectivo ter sido alcançado.

"Recebo imensas cartas, mails, telefonemas e mensagens de pessoas a reconhecer que foi através das minhas crónicas que passaram a conhecer a riqueza histórica de locais ou de edifícios que até então desconheciam por completo", salientou.

Nas suas crónicas, Germano Silva procura também "contar histórias, umas mais pícaras, outras mais humanas, outras sentimentais".

"O objectivo não é olhar o passado com sentido saudosista, mas sim tirar dele uma lição para o presente e para o futuro", sublinhou. Em seu entender, "o património da cidade tem sido muito devastado", lamentando em concreto o desaparecimento de casas do século XVI.

Para o lançamento deste seu mais recente livro, Germano Silva convida "toda a gente" a participar porque será "um acto cultural, um momento de festa e de convívio".

"Não é obrigatório comprar o livro é mais uma iniciativa em que o Porto estará em discussão", sustentou. A animação estará a cargo do Rancho Folclórico do Porto que terá uma actuação relacionada com o Porto Romântico e as Invasões Francesas.

"É uma vida dedicada ao jornalismo. Orgulho-me da minha profissão que sempre exerci com profissionalismo e sem prejudicar ninguém", disse.

Germano Silva é jornalista, depois de ter sido marçano num retroseiro da Rua de Santa Catarina e operário numa fábrica de lanifícios. À noite frequentou o Curso Geral de Comércio. Foi ainda escriturário no Hospital de Santo António.

Em 1956, começou a colaborar no Jornal de Notícias integrando em 1959 o quadro redactorial, onde foi estagiário, repórter, redactor, subchefe e chefe de redacção. Aí mantém a coluna dominical "À descoberta do Porto". Foi correspondente do Expresso, Jornal Novo e O Jornal, delegado da Visão e é colaborador regular da RTP, SIC, RDP, TSF e Rádio Renascença.

Foi vice-presidente do Sindicato dos Jornalistas, membro da direcção do Teatro Experimental do Porto, sócio fundador dos clubes de jornalistas de Lisboa e Porto, do Lugar do Desenho - Fundação Júlio Resende, membro da Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto e do Centro de Formação de Jornalistas.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Livro de viagens apresentado em Lisboa

A Fundação Cidade de Lisboa, o Governo da Província do Kwanza-Sul (Angola) e as editoras Chá de Caxinde e Pangeia vão apresentar, amanhã, terça-feira, pelas 18,00 horas, o livro “Do Kunene a Cabinda – Histórias e Estórias de Angola, roteiro do IV Raid Automóvel Todo-o-Tereno “Kwanza-Sul – Almada”, com a pena de um colectivo de 13 autores coordenados pelo Eng. Miguel Anacoreta Correia.A apresentação, que será feita pelo Vítor Ramalho, presidente da Fundação INATEL e do Conselho Fiscal da Casa de Angola, terá lugar na sede da Fundação Cidade de Lisboa, ao Campo Grande 380, na capital portuguesa.

sábado, 13 de junho de 2009

Poetas do meu Huambo

Os poetas da minha terra
são abutres de um sonho,
gaviões famintos de amor,
voam de guerra em guerra,
fugindo desse roncar medonho
das AK 47 que não têm cor.

Os poetas da minha terra
são pitangas feitas lança,
que brincam com o olhar
de uma qualquer criança
que nasce e morre na guerra,
que vive sem nunca sonhar.

Vivemos a dor e a alegria
de borboletas em criação
no pólen que foi o teu leito,
escondemos a dor que jazia
na lágrima que fora oração
e que alimentara o nosso peito.

E esses poetas não morrem só
nessa louca esperança faminta
em que morreu a fé que era nova,
embora de mãos dadas somos pó
que atormenta essa dor que pinta
valas comuns sem prova.

A ti criança do meu país
que da dor fizeste um album
de tanta dor e sofrimento,
resta-te ser o eterno juiz
desta eterna vala comum
que entoa de vento em vento.

E a andorinha disse: presente

A andorinha anunciou
ali mesmo à nossa frente
que a Primavera é linda
sobretudo quando se vê,
mas ainda mais quando se sente.
Quatro amigos à volta
de uma caldeirada de enguias
sonhavam, sonhavam.
Sonhavam porque o sonho
comanda a vida e é herança
de um amanhã onde todos,
acordados, colocam a vida
e também a esperança.
Esperança de sonho e vida
porque sempre que eles sonham
a vida pula e avança.

Foto de Paulo F. Silva

quinta-feira, 11 de junho de 2009

José de Guimarães regressa às origens

O artista plástico José de Guimarães inaugurou hoje uma exposição em Luanda que considerou “um regresso às origens” porque foi em Angola que iniciou o seu percurso artístico há 40 anos.

José de Guimarães contou com a presença dos ministros da Cultura de Portugal, Pinto Ribeiro, e de Angola, Rosa Cruz e Silva, na inauguração da exposição denominada “40 anos…”, organizada no âmbito das comemorações do 10 de Junho.

A galeria do Instituto Camões/Centro Cultural Português de Luanda é onde a exposição de José de Guimarães vai estar até 30 de Julho.

Em declarações à Agência Lusa, o artista português sublinhou a “emoção” com que reviu amigos e companheiros das artes, como o angolano António Ole ou o arquitecto Troufa Real, contemporâneos dos primeiros passos na criação artística.

Foi em Luanda que José de Guimarães, no início dos anos de 1970, criou um alfabeto ideográfico composto por 130 símbolos, ao qual chamou ‘alfabeto africano’, para desenvolver um processo de comunicação assente numa tentativa de osmose entre as culturas africana e europeia.

Nascido em 1939 em Guimarães, José Maria Fernandes Marques adoptou o nome da cidade natal para a identidade de artista. Militar de carreira, cumpriu comissões em Angola nos anos 60, durante a guerra colonial. Nos sete anos que ali passou, interessou-se pela arte africana que acabou por incorporar no próprio trabalho.

Apesar do pouco tempo que o artista vai estar em Angola, confessou que há elementos que são imutáveis e que persistem nos dias de hoje mesmo tendo sido importantes para a criação dos primeiros tempos.

Um desses elementos que admitiu ter reencontrado foi o “sorriso” das pessoas.

“Apesar de muito tempo na vida de uma pessoa, 40 anos não são mais que um lapso de tempo na história da humanidade. Não é nada. Há elementos que permanecem desde as raízes do meu processo artístico aqui(em Angola) iniciado”, apontou.

José de Guimarães admite, no entanto, que há algo de novo nesta Luanda de hoje, de uma Angola independente e saída de uma prolongada guerra, que definiu como “uma energia, uma dinâmica” que não existia quando se atirou à criação do seu “alfabeto africano”.

“Os processos de criação não se repetem”, atirou o artista quando confrontado com a possibilidade de um retorno criativo agora que está de novo nas “origens”, mas admitiu que “gostaria de passar mais tempo em Angola”, em jeito de quem acredita que a tal “nova dinâmica” e a “nova energia” tivessem algo a acrescentar à sua criação.

Apoio às actividades artísticas no Huambo

O presidente da comissão directiva da União Nacional dos Artistas e Compositores (UNAC) de Angola, Arlindo Calado, chegou hoje à cidade do Huambo onde preside, amanhã, à primeira conferência provincial de apoio às actividades artísticas.

O encontro com a duração de um dia, vai reflectir sobre a actual situação das artes na província, o seu fomento e desenvolvimento sustentado, bem como a produção, promoção e difusão da actividade artística na região.

A comunicação sobre incentivos legais e fiscais para apoio ao desenvolvimento e fomento das activistas artísticas constam do certame que vai contar com a participação de artistas e dinamizadores dos núcleos municipais da UNAC de todos os municípios da província.

No quadro da sua visita de trabalho de três dias à cidade do Huambo, o presidente da comissão directiva da UNAC encontrou-se já com o governador da província, Albino Malungo e visitou as instalações locais da sua instituição e vai manter um encontro com o potencial artístico local.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Mundo de trevas

Quando olho para o amanhã
neste recanto à beira mar
só vejo um ontem sebastiânico.
Nem sequer um presente
que possa atenuar a dor
de quem faz da esperança
uma forma de tortura.
Tortura que, apesar da dor,
sempre dá alento para sonhar
com uma luz mesmo que fosca
que todos dizem existir
no recanto da lembrança
de um povo que terá dado,
nos seus melhores tempos,
alguma luz a um mundo
que era igual ao de hoje.
... de trevas.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Governo avalia a Cultura no Huambo

O vice-ministro da Cultura, Cornélio Calei, iniciou hoje uma visita de trabalho de quatro dias ao Huambo, Angola, destinada a avaliar o funcionamento do sector nesta região do país.

De acordo com o programa da visita, o vice-ministro vai manter ao princípio da tarde de hoje, um encontro de cortesia com o governador da província, Albino Malungo, ao que se seguirão visitas aos centros turísticos do Huambo e Caála.

O segundo dia está reservado a vistas à estação meteorológica do "Fety" no município da Caála, ao clube recreativo (cines e jangos comunitários), a Ombala Mbalundu, às obras da biblioteca provincial e às futuras instalações do museu do Huambo Memorial.

Durante a sua visita, Cornélio Calei vai igualmente constatar o grau de funcionamento do museu regional do planalto, que vai marcar o fim da sua visita à província do Huambo.

Arménio Vieira na Casa Fernando Pessoa

O poeta cabo-verdiano Arménio Vieira, galardoado este ano com o Prémio Camões, é objecto de uma exposição patente na Casa Fernando Pessoa, em Lisboa.

A mostra, patente na biblioteca da casa do poeta em Campo de Ourique, inclui manuscritos inéditos e livros do poeta cabo-verdiano.

Arménio Vieira encontra-se editado na antologia "Poetas de Língua Portuguesa", com com o poema "Retrato de Poeta", em homenagem a Fernando Pessoa, publicada pela Casa Fernando Pessoa, em 1997.

O poeta esteve na casa do autor de "Mensagem" em Julho de 1997, quando apresentou um recital de poesia.

Arménio Vieira é o primeiro cabo-verdiano a receber o Prémio Camões.

Natural da cidade da Praia, na Ilha de Santiago, em 24 de Janeiro de 1941, além de escritor, é jornalista, com colaborações em publicações como o Boletim de Cabo Verde, a revista Vértice, de Coimbra, Raízes, Ponto & Vírgula, Fragmentos e Sopinha de Alfabeto.

Arménio Vieira foi também redactor no jornal Voz di Povo.

O Prémio Camões, criado em 1988 pelos governos português e brasileiro, distingue todos os anos escritores dos países lusófonos.

sábado, 6 de junho de 2009

É preciso votar mesmo que (des)iludidos

Votar é preciso, apesar da grande desilusão que foi a campanha eleitoral em Portugal para o Parlamento Europeu. Sendo impossível mudar de povo, é viável começar a dar sinal aos donos do poder que se pode mudar de políticos.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Saber contar e saber escutar... no Porto

Mestres contadores de histórias de Portugal, Brasil e Espanha, estão desde hoje reunidos no Porto, Portugal, num primeiro encontro que visa contribuir para recuperar "a tradição da oralidade, do saber contar e do saber escutar".

"É um encontro de pessoas que contam contos, populares e novos contos", explicou à Lusa Alice Prata, do ACE/Teatro do Bolhão, entidade que organiza o "Contemfesta", em colaboração com a Cooperativa Cultural Memória Imaterial e o Instituto de Estudos de Literatura Tradicional.

O evento, que decorre até sábado, celebra a arte dos contadores de histórias numa festa que engloba diversas actividades, desde a música, teatro e conto tradicional, passando pelo vídeo e literatura do cordel, por workshops e formações várias, sempre no contexto do regresso e da redescoberta das origens da palavra, oral e escrita.

"O conto oral enreda-se com a festa da música, com as novas tecnologias e com a tradição da literatura de cordel", frisou.

Trata-se da dinamização de "uma verdadeira festa em família", já que se destina a vários públicos, e visa recuperar "esse conjunto de rituais, conhecimentos e práticas ancestrais", acrescentou.

As sessões de contos e música prolongam-se "noite fora", mas haverá também encontros à tarde destinados aos mais novos.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Arménio Vieira vence Prémio Camões

O júri do Prémio Camões decidiu atribuir o galardão deste ano ao poeta cabo-verdiano Arménio Vieira.

Arménio Vieira, o primeiro cabo-verdiano a receber o Prémio Camões, nasceu na cidade da Praia, na Ilha de Santiago, Cabo Verde, em 24 de Janeiro de 1941.

Além de escritor, é jornalista, com colaborações em publicações como o Boletim de Cabo Verde, a revista Vértice, de Coimbra, Raízes, Ponto & Vírgula, Fragmentos e Sopinha de Alfabeto.

Arménio Vieira foi redactor no jornal Voz di Povo.

Criado e financiado pelos governos de Portugal e do Brasil, o prémio foi atribuído pela primeira vez em 1989 a Miguel Torga.

O júri, em que Portugal se fez representar por José Carlos Seabra Pereira, da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, e Helena Buescu, da Universidade de Lisboa, reuniu-se hoje num hotel do Rio de Janeiro para anunciar a sua deliberação.

Em anos anteriores, o Prémio Camões, considerado o mais importante galardão literário da língua portuguesa, distinguiu os portugueses Vergílio Ferreira (1992), José Saramago (1995), Eduardo Lourenço (1996), Sophia de Mello Breyner Andresen (1999), Eugénio de Andrade (2001), Maria Velha da Costa (2002), Agustina Bessa-Luís (2004) e António Lobo Antunes (2007).

Quanto a autores brasileiros, receberam-no João Cabral de Mello Neto (1990), Rachel de Queiroz (1993), Jorge Amado (1994), António Cândido de Mello e Sousa (1998), Autran Dourado (2000), Rubem Fonseca (2003), Lygia Fagundes Telles e João Ubaldo Ribeiro (2008).

De Angola, foram galardoados Pepetela, em 1997, e Luandino Veira, em 2006. O moçambicano José Craveirinha recebeu o Prémio Camões em 1991.

Morreu a poetisa Glória de Sant´Anna

A poetisa Glória de Sant´Anna morreu hoje no Hospital de Gaia aos 84 anos. Glória de Sant´Anna nasceu em Lisboa a 25 de Maio de 1925, fez o curso complementar de Letras no Colégio de Odivelas e em 1951, já casada, partiu para Nampula, Moçambique. Em 1953 partiu para Porto Amélia (actual Pemba) e em 1974 regressou a Portugal. A poetisa vivia em Ovar e foi uma das vozes do lirismo de Moçambique. Recentemente, a editora moçambicana Nadjira, do grupo LeYa, editou uma colectânea de poesia de Glória de Sant´Ana, intitulada "Solamplo", com prefácio de Eugénio Lisboa.