quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Só alguns sentem e poucos compreendem

Tenho, todos os dias, uma lágrima no canto do olho. Essa lágrima perde-se no deserto português. Se fosse na terra quente de Angola faria nascer uma flor. Uma flor sem nome, uma daqueles flores que só alguns vêem, que só alguns sentem.

Escravidão com pirão na barriga

Embora,
por defeito de fabrico,
continue a pensar
(enquanto me deixam)
que só é derrotado
quem deixa de lutar,
descobri que para lutar
é preciso estar vivo.
Não tenho conseguido
dobrar as esquinas da vida
por não querer entrar
na vida pelas esquinas.
Não tenho conseguido
aprender a viver sem comer.
Além disso,
ao que parece,
o meu silêncio
poderá ajudar
a pôr comida no prato.
Estou a ser derrotado
pela barriga.
Entre a liberdade
de barriga vazia
e a escravidão
com pirão na barriga
a escolha é simples.

terça-feira, 10 de agosto de 2010