quinta-feira, 29 de outubro de 2009

"Pedaços de Vida" de Divaldo Martins

A primeira obra literária do escritor angolano Divaldo Martins, intitulada "Pedaço de Vida", foi apresentada hoje em Luanda, com uma tiragem de três mil exemplares.

Em entrevista à Angop, Divaldo Martins explicou que a obra reflecte a dor, o bem-querer e fundamentalmente a vida íntima de algumas pessoas que por si conhecidas.

"Falo sobre a vida de um grupo de pessoas, isto é, a existência de pessoas que, no fundo, se reproduzem nas nossas vidas, pois todos confrontamo-nos com a morte, temos dores, prazeres e amigos. O romance fala de tudo isso, mas centralizando um facto verídico".

De acordo com o escrito, todos os cidadãos são num instante de sua existência um pedaço da vida de outras pessoas."Na verdade, não somos mais do que pequenos fragmentos soltos", disse.

Segundo Humberta Martins, personagem da história, quando começou a ler o livro, crescia a vontade de virar imediatamente e passar à próxima.

Disse ter sido nesse momento que percebeu que o escritor não tinha inventado nada e apenas contava a história da vida.

"Por mais que cada um de nós julgue que está a viver a sua vida própria vida, na verdade vive parte da história do mundo, o que causa a integração de uns com os outros", acrescentou.

"O que nós fazemos, mesmo sem saber, afecta hoje ou amanhã a vida de outras pessoas. Um gesto de carinho, uma palavra de afecto, todas essas atitudes aparentemente individuais fazem parte do entrosamento do mundo e transformam a dinâmica da vida, da nossa e de outras", sustentou.

Divaldo Martins nasceu em Luanda, a 27 de Fevereiro de 1977. É licenciado em Ciências Politicas, pelo Instituto Superior de Ciência Politicas de Segurança Interna, de Portugal.

Mestrando em Estratégia, pelo Instituto Superior de Ciência Social e Politica, frequenta o 4º ano de Direito na Universidade Agostinho Neto.

Estudou Letras, especialidade de Português, até ao 2º ano, no Instituto Superior de Ciência da Educação de Luanda, e foi jornalista da Agência Angola Press (Angop), tendo assinado textos de opinião nalguns dos principais jornais do país.

“As Extraordinárias Aventuras da Justiça Portuguesa”, um livro de Sofia Pinto Coelho

A jornalista Sofia Pinto Coelho, da SIC, lança a 2 de Novembro, no Antigo Tribunal Militar de Santa Clara, em Lisboa, o livro “As Extraordinárias Aventuras da Justiça Portuguesa”, um retrato verídico do mundo dos juízes, advogados, polícias e procuradores de Portugal.

António Pires de Lima e João Miguel Tavares farão a apresentação deste livro com histórias que podem parecer insólitas, estranhas e até surreais, como o caso do roubo do queijo fatiado no valor de 1,29 euros que foi a julgamento e ocupou o sistema judicial durante dois anos.

Pelas páginas desta obra, publicada pela Esfera dos Livros, passam juízes, advogados, procuradores, funcionários judiciais e pessoas comuns que quando a justiça lhes bateu à porta perceberam que, para além de cega, a justiça em Portugal pode tornar-se numa aventura absolutamente extraordinária.

Licenciada em Direito, Sofia Pinto Coelho começou a sua carreira jornalística no “Expresso” e, desde 1992, trabalha na SIC, onde se especializou em temas jurídicos e apresentou o programa “Falar Direito”, que lhe valeu o Prémio Justiça e Comunicação Social Dr. Francisco Sousa Tavares, atribuído pela Ordem dos Advogados. Actualmente coordena o programa “Perdidos e Achados”.

Jasmim da liberdade

Abandonada numa tenda
implantada algures no Golfo da Guiné
perdi o encontro, o encanto milenar
O silêncio, o ardor e o meu doce olhar

Desencontro o luar do meu cabelo
no rio, dominado pelo génio dos jasmins
Jaz o silêncio das suas margens
Só, no luar das noites não deixarei de me amar

Adoro o silêncio das manhãs
e a sonoridade das folhas das plantas
Aguardo a deusa Kalunga
que ressurja do fundo das águas
e alerte o génio dos jasmins
para me transformar
perfumar
Todos os dias com e sem amanhãs
jasmim-da-noite, dama-da-noite

Eis que aportam os navios
já antes navegados
Partiram
mas, regressaram da Ocidental civilização
e outra vez me desgraçam

Vivia com as flores, com os jasmins
amarelos, azuis, brilhantes
imperadores, dos rios
dos poetas, estrelas, verdes, vermelhos

Pedi ao deus das florestas
que me navegasse num navio feito de jasmins
Que me fecundasse no seu sémen
num profundo jasminal

E pela manhã quando a lua despertar
do seu sono nocturno
Encontrar-me-á a cantar
E fará de mim uma estátua jasminácea

Serei a semente do novo amor
que a minha Angola perdeu
perdida, afundada nas multinacionais
Regar-me-ei com as lágrimas
do nosso povo infeliz
Sem amor
subjugado, espoliado, acorrentado
Escravizado pelos filhos milionários
do Rei

Serei santificada pelo génio dos jasmins
e dos enamorados na Angola
finalmente libertada
E as aves poisarão sempre no meu pólen
e para sempre serei abençoada
O perfume do meu pistilo imortalizar-se-á
e nos próximos dias
A nossa liberdade será louvada.

Gil Gonçalves

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Maria Alice Gouveia - «O filho não é meu»

A escritora Maria Alice Gouveia vai lançar um novo livro. “O filho não é meu” vai ser apresentado dia 14 de Novembro no Agrupamento de Escolas da Cordinha, Oliveira do Hospital, Portugal.

Com três livros já lançados, a escritora de Aldeia Formosa tem já um novo título para apresentar. Depois de “The Donatos” lançado nos EUA em 2002, “Pais Desumanos” e “Diversas Formas de Amar” apresentados em Portugal em 2007 e 2008, respectivamente, Maria Alice Gouveia traz à estampa “O filho não é meu”.

Numa edição da Editorial Novembro e apoiado pelo Crédito Agrícola e o município de Oliveira do Hospital, o livro retrata a história de uma jovem mãe que, em meados dos anos 70 em Angola, dá à luz uma criança.

Tudo estaria bem, não fosse o facto de a criança ter traços de raça negra e de ter nascido no seio de uma família portuguesa conservadora, onde todos os elementos eram brancos. Por trás do acontecimento está uma invulgar e intrigante história de vida, marcada pela violência.

A cargo de Adelaide Freixinho, a apresentação do livro está agendada para as 14h30 de 14 de Novembro, por ocasião da realização da Feira de São Martinho no Agrupamento de Escolas da Cordinha.

Maria Alice Gouveia nasceu no Lobito, Angola, e residiu no concelho de 1974 até 1982, altura em que já casada, emigra para os Estados Unidos da América até 2003.

Fonte: Notícias Lusófonas

"Depois do Poema", livro de Jorge du Val

O livro de poesia Depois do Po ema, de Jorge du Val, será apresentado, pela primeira vez ao público, no próximo sábado, a partir das 17 horas, na Biblioteca Municipal Fernando Piteira Santos, na Amadora (Av. Conde Castro Guimarães), na Amadora, Portugal.

Apresentação estará a cargo de Pedro José Barros, jornalista. A editora adverte que o consumo deste livro pode prejudicar seriamente a ignorância e a iliteracia.

Depois do Poema:

Neste livro, entrelaçam-se mãos de criança com as de uma mãe Supernova, choram-se saudades e quases, acendem-se fósforos e lapidam-se cubos de gelo, entornam-se baldes de silêncio, passam-sedécadas em apneia.

Este livro são 20 unhas a escavar o cimento. É a voz de quem, de tão só, só está. É também um oceano de sonho a fermentar, uma batalha a travar. É escárnio, é caos de Joker, sanidade de um louco. São avalanches e a planta indefesa apanhada no meio. São pontas de um icebergue prestes a derreter. São cinzas de cigarro feitas gente. É emoção branca, virgem e um abraço. É A palavra de quatro letras começada por A.

O autor:

Jorge Manuel Nascimento do Val Antunes nasceu a 18 de Outubro de 1968 e consta que em todos os dias do seu aniversário a chuva cai por mais improvável que isso seja.

Questionado sobre o que faz na vida, responde que corta cabelos para sobreviver e escreve para viver. Iniciou-se aos 13 anos na actividade que ainda hoje exerce, a de barbeiro. Amante da verdade, acima de tudo, e possuidor de uma inspiração de origem duvidosamente humana, começou também cedo a escrever.

Não é Doutor nem Engenheiro, tão-somente um Mestre nas palavras, que são uma constante da sua vida. Amante de Pessoa, partilha com o Poeta a permanente angústia de quem não é deste mundo de coisas.

Foi convidado a publicar numa antologia de poesia lusitana em 1999 – Poesis - e obteve o 1º lugar no III Prémio Literário de Poesia Brito Broca 2003, no Brasil. Além da poesia, a música é também uma constante. Compositor de letras, muitas já editadas, já teve uma editora – Cromos da Música – e participou em festivais infantis.

Partilha de uma sede de viver em contradição com o seu prognóstico de vida curta. A caneta é uma constante em todo o lado onde sinta súbitos laivos de iluminação. Depois do Poema é o seu primeiro livro. O nome foi idealizado pelo autor, antes de existir como livro. A capa é da sua autoria. A estrutura fluida da sua poesia foi pensada por um admirador.

domingo, 25 de outubro de 2009

Gigante num sonho por sonhar

Venho chorar-te amor distante,
perdido nas nuvens da noite preta
entre uma longa vida sem sonho.
Peço-te que me ames um instante
mesmo que seja apenas uma greta
de um amor que em ti ainda suponho.

Não. Não chores quando estás a sonhar
pensando talvez num herói galante.
Não, não chores por mim flor adormecida
no amor que disse que te ia um dia dar.
Sei que sou apenas um poeta falante
gigante anão de uma história perdida.

Em teu rosto lindo e apenas lindo
descansa a dor de cada um desses dias,
na sombra da noite que nunca partiu.
Os teus olhos adormecem rindo
dos versos a que chamei poesias,
dos beijos que só o nosso sonho viu.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Viva o Liceu e viva a malta!

"Operação Dominó" de Luís Miguel Ricardo

O Alentejo e o Maine, nos EUA, mais ligados do que nunca... Qual o motivo? E por que razão uma turma das Novas Oportunidades do interior alentejano está na base de uma complicada trama de relações mais ou menos sinuosas?... Venha descobri-lo em Operação Dominó.

O novo romance de Luís Miguel Ricardo vai ser lançado, oficialmente, no próximo sábado, dia 24 de Outubro, às 17 horas, na Biblioteca Municipal de Beja.

Operação Dominó, assim se chama o livro, será apresentado por Jorge Serafim, humorista e contador de histórias.

Antes disso, na 6ª feira, na Biblioteca Municipal de Ferreira do Alentejo, a partir das 21 horas, será feita uma pré-apresentação do livro.

Entrada livre e altamente aconselhável.

Luís Miguel Ricardo nasceu a 25 de Junho de 1973, em Ferreira do Alentejo.Licenciado em Filosofia da Cultura e Formação Educacional pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa; Pós-Graduado em Ciências Criminais pela Universidade Moderna.

Entre 1997 e 2000, foi Director das publicações “Fazedores de Letras” e “Éthos, Revista de Letras”. Actualmente, é colaborador assíduo no Jornal de Ferreira.

Da sua carreira no campo das letras criativas destacam-se dois segundos lugares em concursos literários nacionais e a publicação de um livro na modalidade de romance: Prémio Literário Lindley Cintra, promovido pela Faculdade de Letras de Lisboa, em 1996, com o conto “Enigma Final”; Prémio Nacional Literário Fialho de Almeida, em 2005, promovido pela Câmara Municipal de Cuba, com o título “Fado Sambado”; O livro “Ritos do Desespero” publicado em 2006, pela editora Campodosmedia.

O romance...

A pacatez de uma aldeia do interior alentejano é subitamente abalada por um crime de contornos vingativos. Com uma vítima mortal e um suspeito em fuga, a equipa da O.S.I.C. (Organização Secreta de Investigação Criminal) entra em campo. O que, à partida, parecia um delito de fácil resolução revela-se, com o avançar das pesquisas, numa complexa e perigosa teia de coincidências e equívocos premeditados. O desenrolar da trama alterna entre dois cenários principais: um Alentejo profundamente rural e a região de New England, nos Estados Unidos da América.

Um romance policial de rosto humano a não perder!

A opinião de Jorge Serafim...

Em “Operação Dominó”, mais do que o deslindar de um crime, Luis Miguel Ricardo deslinda pessoas. Débeis seres humanos feitos e refeitos na rudeza dos dias, aonde a mais banal das ocorrências se traduz nas únicas conversas possíveis.

Aonde a dor e a alegria de uns se materializa eternamente na voz de outros. Enquanto leitores, estamos situados num interior do país que o autor propositadamente, desprovido de quaisquer artifícios de linguagem, põe a cru… O do interior das pessoas que vivem fragilizadas de existirem apenas na geografia que os viu nascer, crescer e morrer.

domingo, 18 de outubro de 2009

Cinquenta anos de (excelente)
Jornalismo feito em Português

Portugueses, e não só, do Canadá prestam homenagem ao Jornalista Fernando Cruz Gomes que tem a sua arte gravada em todos os cantos onde se fala e escreve português. Bom português, acrescente-se.

No próximo dia 7 de Novembro, a comunidade portuguesa (e não só) no Canadá vai homenagear Fernando Cruz Gomes pelos seus 50 anos de Jornalismo. De Portugal a Angola, passando pelos restantos cantos e esquinas do mundo, Fernando Cruz Gomes deixou a sua arte gravada a letras de ouro.

Também aqui no Notícias Lusófonas tem desde há muito o seu espaço. Ninguém conseguirá escrever a História da Lusofonia sem falar de Fernando Cruz Gomes. "É um Mestre", dizem todos os que com ele trabalharam ou trabalham. Para nós aqui no NL não é um Mestre, é o Mestre.

A qualidade da escrita de Fernando Cruz Gomes pode, a título de exemplo, ser aquilatada pelo mais recente artigo que publicou no Jornal Sol Português, do Canadá, intitulado “Ganharam todos... e ainda bem! “, e que a seguir se reproduz:

«Ganharam todos. E ainda bem! Ganharam todos... quer nas eleições autárquicas, quer nas eleições legislativas! E como ganharam todos... é certo e sabido que quem ganhou... foi Portugal. Foi o Povo, em suma.

Como hão-de ver os conspícuos leitores deste pedaço de prosa... vamos ter, em breve, passados ao papel e na prática, os resultados evidentes destas vitórias tão cantadas por toda a parte.

A nossa gente mais jovem vai, em breve, ter uma Escola que ensine. Não uma escola de "passa culpas" e de atribuição de "canudos". Uma Escola que abra as portas para o mundo do trabalho. Trabalho que dói... mas dignifica. Uma Escola onde o professor ensine e onde os meninos aprendam. Para aqueles não mais o medo de serem confrontados por estes com canivetes e fisgas, quando não com pistolas.

Isso era antigamente...

Desemprego foi chão que deu uvas. Vamos ter é um quadro geral de postos de trabalho que nos dá para escolher. Um quadro geral onde a escolha vai ser facilitada, já que, preparados nas Escolas, podemos encontrar a satisfação das nossa tendências profissionais. Postos de trabalho que facilitem a tarefa dos pais de família em pôr na mesa a comida para todos.

Vamos ter, em breve, uma aula prática de como ser mais cívico. Vamos começar a ver, espalhadas por todas as cidades do nosso País, aquelas caixas onde as empresas distribuidoras põem os Jornais, na certeza antecipada de que ninguém as vandaliza, ninguém tira dois jornais quando por lá põe a moeda para um. É mais uma prova de maturidade que vamos ficar a dever aos bons resultados que os Partidos tiveram nas mais recentes eleições.

Todos ganharam, não é?! – Ganhámos todos, então...!

Até vamos poder escrever, livremente, aquilo que queremos... sem termos à perna aquele mauzão do senhor que põe processos criminais em todos os que lhe não vão comer à mão. Vamos todos, finalmente, ter paz. Os polícias e os guardas vão poder, finalmente, mostrar os seus dotes cívicos – "servir e proteger", como dizem... – porque a criminalidade também vai descer para níveis satisfatórios. Vamos todos, afinal, gozar as delícias das nossas belas praias... sem a toda a hora estarmos a espetar coisas estranhas nos pés, já que, a partir de agora – como nós acreditamos – o civismo vai ser palavra de ordem.

Sonhos? – Não... não é sonho. É que todos os Partidos, com contas e mais contas, acabam de dizer que ganharam. Que a vitória foi deles. Que... Ora, sendo assim, e como o povo é quem mais ordena, o Povo, decerto, lhes deu estas indicações e estes mandatos. De resto... alguns até estão bem escarrapachados nos programas eleitorais.

Vivó! O Povo... soube escolher. E deu a vitória a todos... »

terça-feira, 13 de outubro de 2009