terça-feira, 5 de outubro de 2010

Monangambé do MPLA

Aquela roça grande
continua a não ter chuva
é o suor de outros rostos
que rega as plantações;

Aquela roça grande
ainda tem café maduro
e aquele vermelho-cereja
são gotas de outro sangue
feitas seiva.

O café vai ser torrado,
pisado, torturado,
continua a ser negro,
negro da cor do contratado.

Negro da cor do contratado!

Perguntem às aves que já não cantam,
aos regatos de alegre serpentear
e ao vento forte do sertão:
Quem se levanta cedo?
Quem vai à tonga?
Quem traz pela estrada longa
a tipóia ou o cacho de dendém?

Quem capina e em paga recebe desdém
fuba podre, peixe podre,
panos ruins, cinquenta kwanzas
"porrada se refilares"?

Quem?
Quem faz o milho crescer
e os laranjais florescer?

- Quem?
Quem dá dinheiro para o patrão comprar
máquinas, carros, senhoras
e cabeças de outros pretos
para os motores?

Quem faz o MPLA prosperar,
ter barriga grande
- ter dinheiro?

- Quem?

E as aves que cantam,
os regatos de alegre serpentear
e o vento forte do sertão
responderão:

- "Monangambééé..."

Ah! Deixem-me ao menos subir às palmeiras
Deixem-me beber maruvo
e esquecer diluído
nas minhas bebedeiras.

Nota: Poema original de António Jacinto. Monangambé (O contratado) eram angolanos negros contratados para trabalhar nas roças dos brancos, na era colonial. Hoje são angolanos negros contratados para trabalhar nas roças dos negros donos do poder.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Só alguns sentem e poucos compreendem

Tenho, todos os dias, uma lágrima no canto do olho. Essa lágrima perde-se no deserto português. Se fosse na terra quente de Angola faria nascer uma flor. Uma flor sem nome, uma daqueles flores que só alguns vêem, que só alguns sentem.

Escravidão com pirão na barriga

Embora,
por defeito de fabrico,
continue a pensar
(enquanto me deixam)
que só é derrotado
quem deixa de lutar,
descobri que para lutar
é preciso estar vivo.
Não tenho conseguido
dobrar as esquinas da vida
por não querer entrar
na vida pelas esquinas.
Não tenho conseguido
aprender a viver sem comer.
Além disso,
ao que parece,
o meu silêncio
poderá ajudar
a pôr comida no prato.
Estou a ser derrotado
pela barriga.
Entre a liberdade
de barriga vazia
e a escravidão
com pirão na barriga
a escolha é simples.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Bairro Meu

Onde não nasci
Mas cresci
Onde inspiro-me
E trago a melodia poética
Que percorre
O teu ser

De muitas memórias
Onde pela primeira paisagem
Apaixonei-me
Onde a primeira boca
Beijei
Onde a primeira pele macia
Toquei

De lembranças
Que nunca se apagam
Da memória
Dos amigos que tive
E já não mais tenho

Testemunha
Dos doces
E amargos momentos

Serei sempre grato a ti
Levarte-ei comigo
Onde quer que eu vá…

Autor: Sandro Feijó (Poeta Universal )

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Na direcção (mais correcta) do olhar

A Editora Lugar da Palavra tem a honra de convidar os interessados para o lançamentodo livro de poesia "Na Direcção do Olhar", da autoria de Eduardo Valdrez, arealizar na próxima 6ª feira, dia 9 de Julho, a partir das 21 horas, na Feira do Livro de Valongo (Portugal) - Parque Urbano Dr. Fernando Melo, em Ermesinde. Apresenta o livro João Teixeira Lopes (sociólogo, professor universitário).

sábado, 3 de julho de 2010

Apenas profeta da minha esperança

Lá longe li os livros da minha vida, e cada um foi uma eterna lição. Muitos deles de nada importam. Eram histórias em segunda mão. Mas um deles ainda hoje amo; embora esteja noutro coração. Resta-me, talvez, a pobre consolação de ter sido o primeiro a lê-lo.

terça-feira, 1 de junho de 2010

À procura de trabalho

Depois de 36 anos de profissão, 18 dos quais ao serviço do Jornal de Notícias (Porto – Portugal), estou há mais de um ano a tentar aprender a viver sem comer (desemprego). Antes que se descubra que é uma missão impossível, preciso de trabalho. Se alguém tiver por aí uma vaga, faça o favor de me avisar (orlando.s.castro@gmail.com). Obrigado!

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Pedro Almeida Vieira lança “Corja maldita”

É apresentado esta quinta-feira, 13 de Maio, pelas 19 horas, no espaço da Porto Editora na Feira do Livro de Lisboa, o livro “Corja maldita”, um romance histórico do jornalista Pedro Almeida Vieira.

A obra, publicada pela Sextante, será apresentada por Helena Vasconcelos, jornalista e crítica literária, e por Jorge Couto, historiador e director da Biblioteca Nacional.

Nascido em 1969, Pedro Almeida Vieira iniciou-se no jornalismo em meados da década de 1990, na revista “Forum Ambiente”, tendo colaborado ainda com a “Grande Reportagem” e o “Expresso”, escrevendo sobretudo sobre ambiente, urbanismo e poder local.

A partir de 2003, ano em que recebeu o Prémio Nacional do Ambiente Fernando Pereira «Personalidade do Ano», entregue pela Confederação Portuguesa das Associações de Defesa do Ambiente, a sua actividade jornalística decresceu, dando contudo lugar à publicação de livros, começando pelo ensaio “O estrago da nação” (2003), sobre o estado do ambiente em Portugal.

Seguiram-se os romances históricos “Nove mil passos” (2004) e “O profeta do castigo divino” (2005), este último sobre a vida do jesuíta Gabriel Malagrida, o último condenado à morte em Portugal pela Inquisição, e, em 2006, o regresso aos ensaios, com “Portugal: o vermelho e o negro”, acerca da floresta portuguesa e os dramas e causas dos incêndios. Em 2009, publicou o romance “A Mão Esquerda de Deus”.

terça-feira, 11 de maio de 2010

As batalhas importantes

Meu companheiro e amigo,
hoje só te quero dizer
que, nesta fase adulta da minha vivência,
com ideais semelhantes aos da infância e adolescência,
ganhei calo, força e experiência
para ser capaz de desistir.
Hoje, já não faço como antes,
uso a minha energia
só nas batalhas importantes
para o crescimento da harmonia.
As vitórias inglórias
esbatem-se nas memórias,
diluem-se com a luz do dia,
não são importantes para a história
que inspira um percurso honesto, coerente e seguro
para o futuro.
Sabes uma coisa?!
Vão-me faltando o tempo e a paciência
para chorar as lágrimas dos que desistiram de sorrir.
A minha única urgência
está em prosseguir
sem desistir desta viagem, sem dimensão,
da boa fé na imaginação.
Aos que se incomodam com a tua maneira de pensar,
dá-lhes o desprezo, não te aborreças, deixa-os chorar,
oferece-lhes toda a liberdade para zurrar.
Mas, por favor, continua a tua luta,
de identificação e denuncia de todos os filhos da puta,
para que as vivências do futuro sejam mais construtivas,
não inspiradas nas experiências parasitárias abusivas
deste presente da história
tantas vezes inglória.

Jose Filipe Rodrigues

sexta-feira, 7 de maio de 2010

“Estado de Segredos” de Frederico Duarte Carvalho, apresentado por Carlos Narciso

O jornalista Frederico Duarte de Carvalho lança este sábado, 8 de Maio, pelas 16 horas, na Esplanada Azul da Feira do Livro de Lisboa, o livro “Estado de Segredos”, editado pela RCP Edições e apresentado por Carlos Narciso.

Assente na análise de documentos públicos e confidenciais, nacionais e estrangeiros, o livro traz novos indícios que “comprovam que a embaixada norte-americana, em Lisboa, soube, antecipadamente, da preparação da revolução de 1974” e conseguiu influenciar o curso dos acontecimentos até à eleição de António Ramalho Eanes, através do então embaixador Frank Carlucci e dos seus “amigos” no PS.

Nesta viagem pela História contemporânea – que é também um apelo à manutenção da memória nas redacções –, Frederico Duarte Carvalho determina um fio condutor que se inicia com os conflitos que marcaram as origens do regime democrático, passa pela crise governamental de finais de 2004 e vai até aos escândalos financeiros, políticos e judiciários das últimas décadas: “Fundo de Defesa do Ultramar”, “Camarate”, “GAL”, “Irangate”, “Moderna”, “Casa Pia”, “BPN” ou “Face Oculta”.

No prefácio, Carlos Narciso afirma que “estas páginas relatam uma teia de factos, aparentemente desconexos, mas que podem, afinal, estar relacionados. É esse exercício que aqui se propõe. Em nome de quê? Em nome da Liberdade”.

Frederico Duarte Carvalho nasceu no Porto, a 27 de Agosto de 1972, frequentou a Escola Superior de Jornalismo e começou por estagiar n’“O Primeiro de Janeiro”, de onde transitou para o semanário “Tal & Qual” e, mais tarde, para a revista “Focus”, onde foi editor da secção de Política.

É autor de vários livros: “Vítor Baptista – O Maior” (1999); “Capitão Roby” (2000); “Eu Sei Que Você Sabe – Manual de Instruções para Teorias da Conspiração” (2003); “Poeta e Espião” (2005), “Abril Sangrento” (2005); “A Mensagem Brown” (2006) e “O Enigma da Praia da Luz” (2008).

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Um convite para caminhar

O meu nome é agora
e venho-te convidar para que partamos
sem demora,
ao som dos tambores a rufar.
É hora de avançar,
temos muito para andar.
Vamos, meu companheiro,
leva contigo o maior dos teus amigos,
o melhor, o mais verdadeiro,
Tu.
Se achares que é hora de o sol ir-se deitar,
não te incomodes,
vamos meu companheiro,
continua a tua caminhada
porque ele vai voltar a acordar
depois da noite e da madrugada.
Vamos meu amigo,
não te esqueças de mandar rufar
os tambores que marcam os compassos
para os nossos passos:
umas vezes apressados,
outras vezes cansados,
mas sempre orientados para o azul.
Vamos meu amigo, à noite, para viajar,
olha para o Cruzeiro do Sul,
quando escuro aclarar,
iremos continuar a avançar
nas naves que inventamos,
orientados pela luz solar,
através de todos os oceanos.
Vamos meu amigo,
manda os tambores rufar,
sabes que não podemos parar.

José Filipe Rodrigues

sexta-feira, 16 de abril de 2010

O Morro de Salalé

O capataz, que veio do Puto,
viu o morro de salalé a crescer
e chegou à conclusão,
precipitada,
de que era uma montanha em gestação.
O Domingos Káquarta
esclareceu essa pessoa pouco aculturada:
Aka, não patrão,
é mêmo o furmiga qui faz o seu casa
e dêpois o chuva arasa;
o àgua leva tudo,
num fica nada.
Os montanha num cresce à toa,
dêmora muíto más do quê o vida do pêssoa.
No Puto tu tem formiga cos asa?

Poema de: Jose Filipe Rodrigues

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Jornalismo sobre a pobreza na Europa

A Comissão Europeia lançou um concurso de reportagem jornalística relacionado com o Ano Europeu de Combate à Pobreza e à Exclusão Social, dirigido a profissionais da imprensa escrita, internet e audiovisual, com prémios nacionais (de 800 euros) e europeus (4500, 3000 e 2000 euros).

«Para abordar o problema da pobreza, precisamos de dar voz aos que são excluídos e precisamos de compreender as causas da pobreza. Ao mesmo tempo, devemos propor soluções práticas que funcionem. Os jornalistas têm um papel fulcral neste debate e foi por isso que criámos este concurso para as reportagens mais originais e informativas sobre a pobreza», afirmou o húngaro László Andor, comissário europeu para o Emprego, os Assuntos Sociais e a Inclusão.

Os interessados podem candidatar-se online até 31 de Agosto no sítio do Ano Europeu de Combate à Pobreza e à Exclusão Social (www.2010againstpoverty.eu), sendo elegíveis reportagens publicadas ou emitidas por um órgão dos 27 estados-membros, Islândia ou Noruega entre 1 de Outubro de 2009 e 31 de Agosto de 2010.

Os vencedores do concurso europeu serão anunciados numa cerimónia a realizar em Bruxelas, a 17 de Dezembro de 2010.

Bienal de Fotografia de Vila Franca de Xira

De 27 de Abril a 14 de Maio estarão abertas as candidaturas à 11ª Bienal de Fotografia de Vila Franca de Xira, cuja mostra terá lugar de 6 de Novembro a 12 de Dezembro no Celeiro da Patriarcal, sala de exposições daquela localidade ribatejana.

Promovida pela Câmara Municipal de Vila Franca de Xira com o objectivo de promover a divulgação e a dignificação da fotografia e os seus autores, esta iniciativa é organizada pela autarquia, pela Associação de Artistas Plásticos do Concelho de Vila Franca de Xira e pelo GART – Grupo de Artistas e Amigos da Arte.

Podem participar nesta iniciativa todos os artistas portugueses ou estrangeiros residentes em Portugal, sendo os prémios atribuídos os seguintes: 4000 euros para o melhor conjunto de trabalhos apresentado; 1750 euros para o melhor conjunto sobre o concelho de Vila Franca de Xira; 1750 euros para o melhor conjunto sobre tauromaquia.

Para mais informações, consulte o regulamento da Bienal, disponível no sítio da CM Vila Franca de Xira, ou contacte a organização através do telefone 263 287 600 ou do e-mail cultura@cm-vfxira.pt.

terça-feira, 13 de abril de 2010

E os vencedores dos Pulitzer 2010 foram...

O “Washington Post”, com quatro galardões, foi o grande vencedor dos Prémios Pulitzer 2010, que nesta edição distinguiram a organização sem fins lucrativos ProPublica na categoria de reportagem de investigação e o diário local “Herald Courier”, da Virginia, com a medalha de ouro de serviço público.

Profissionais do diário “Washington Post” conquistaram o Pulitzer para melhor reportagem internacional, feature, comentário e crítica, enquanto os do “The New York Times” foram agraciados nas categorias de reportagem nacional e reportagem de análise.

A medalha de ouro para o melhor serviço público coube ao “Herald Courier”, de Bristol, na Virgínia, que divulgou um caso envolvendo direitos de exploração de gás natural em terrenos daquele Estado norte-americano.

A categoria de reportagem investigativa teve dois vencedores: a ProPublica, serviço digital de jornalismo de investigação sem fins lucrativos, com um trabalho em colaboração com a “New York Times Magazine” sobre decisões tomadas por médicos de um hospital de Nova Orleães durante o furacão Katrina; e uma equipa do “Philadelphia Daily News” que expôs malfeitorias de um grupo de agentes de uma brigada antidroga.

O Pulitzer para reportagem local foi para o Milwaukee Journal Sentinel, por um conjunto de histórias sobre as fraudes e abusos cometidos num programa de apoio a crianças de pais carenciados, enquanto a equipa do “Seattle Times” foi distinguida na categoria de breaking news pela cobertura do homicídio de quatro agentes policiais num café.

O “Dallas Morning News” foi premiado pelos seus editoriais e o cartoonista Mark Fiore, que publica no site do “San Francisco Chronicle”, viu o seu trabalho distinguido na categoria de cartoon editorial. Por fim, nas categorias fotográficas, Mary Chind, do “Des Moines Register”, venceu em “breaking-news”, e Craig F. Walker, do “Denver Post”, em fotografia feature .

Os mais prestigiados galardões de jornalismo dos EUA são atribuídos pela Universidade de Columbia, sendo o júri composto por figuras da comunicação social e áreas afins e tendo cada prémio o valor monetário de 10 mil dólares, à excepção da categoria “serviço público”, em que o vencedor recebe uma medalha de ouro.

sábado, 10 de abril de 2010

Prémio Literário Orlando Gonçalves 2010

Estão abertas até 25 de Junho as candidaturas à 13.ª edição do Prémio Literário Orlando Gonçalves, no valor de 4987.98 euros, que este ano irá avaliar trabalhos jornalísticos (investigação ou grande reportagem) produzidos por profissionais com carteira profissional.

Instituído em 1998 pela Câmara Municipal da Amadora, este prémio terá um júri de três elementos: um da Sociedade Portuguesa de Autores, um do Sindicato dos Jornalistas e outro em representação da autarquia amadorense.

Os trabalhos a concurso devem ser enviados sob pseudónimo e traduzir acontecimentos relativos ao ano de 2009, tendo como referência a cultura e história portuguesas, os direitos humanos e a democracia, bem como reflexões sobre problemas sociais e políticos, princípios que nortearam a vida do escritor, político e jornalista Orlando Gonçalves.

Nascido em 1921, Orlando Bernardino Gonçalves foi um dos percursores do neo-realismo português e dirigiu, entre 1963 e 1994, o jornal “Notícias da Amadora”, conhecido pela oposição ao Estado Novo, antes do 25 de Abril de 1974, e pela campanha em defesa da criação do concelho da Amadora, após essa data.

Para informações mais detalhadas sobre este galardão consulte o regulamento, disponível no sítio da CM Amadora.

sábado, 3 de abril de 2010

Fui o primeiro a... lê-lo

Lá longe li os livros da minha vida
e cada um foi uma eterna lição,
muitos deles de nada importam:
eram histórias em segunda mão.
Mas um deles ainda hoje amo;
embora esteja noutro coração.
Resta-me, talvez, a pobre consolação
de ter sido o primeiro a lê-lo.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Exposição até 31 de Maio de 18 jornais manuscritos na prisão por presos políticos

Até 31 de Maio está patente no Arquivo Nacional da Torre do Tombo a exposição “Cada fio de vontade são dois braços e cada braço uma alavanca”, que apresenta ao público centenas de páginas de 18 títulos de jornais manuscritos por presos políticos entre 1934 e 1945, fruto de um protocolo entre o Arquivo Nacional da Torre do Tombo e o Partido Comunista Português.

Estes jornais clandestinos reuniam notícias da guerra e/ou textos sobre o socialismo, sendo escritos com três objectivos: informação e formação cultural, organização de colectivos nas prisões e formação político-ideológica nos ideais comunistas.

Em declarações à comunicação social, o director do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Silvestre Lacerda, sublinhou que o conjunto de inéditos agora disponibilizados é um bom ponto de partida para investigações históricas, enaltecendo, entre outros aspectos, a erudição, a preparação teórica e o conhecimento dos grandes debates internacionais sobre o combate à ditadura evidenciados pelos autores dos títulos.

Na inauguração, o secretário de Estado da Cultura, Elísio Sumavielle, congratulou-se com o acordo celebrado com o PCP, que permitirá dar vida à memória de décadas de resistência à ditadura, e elogiou o trabalho invisível do Arquivo Nacional da Torre do Tombo no restauro e tratamento de documentos históricos.

sábado, 27 de março de 2010

World Press Cartoon em Sintra

Entre 17 de Abril e 4 de Julho, o Sintra Museu de Arte Moderna acolhe a exposição de 400 trabalhos do World Press Cartoon, logo após a habitual cerimónia de entrega de prémios aos melhores trabalhos realizados em 2009, marcada para 16 de Abril.

Actualmente na sexta edição, o World Press Cartoon recebeu este ano um total de 878 trabalhos de 429 autores, publicados em 429 jornais e revistas de 77 países, dos quais 531 obras em plena conformidade com o regulamento e que foram apreciadas por um júri internacional durante o mês de Fevereiro.

“Quem visita o salão vai poder ver uma selecção dos melhores desenhos de humor publicados pela imprensa em todo o mundo durante o ano de 2009”, afirmou o cartoonista António Antunes, um dos organizadores do evento, considerando “muito gratificante” o “reconhecimento generalizado da qualidade do salão” e dos restantes eventos que lhe estão associados.

De entrada livre, a exposição poderá ser visitada todos os dias (excepto segundas-feiras e o feriado de 1 de Maio), das 10 às 18 horas. Em paralelo será inaugurada uma retrospectiva da obra de Tomás Leal da Câmara (1876-1948), um dos autores mais marcantes do desenho de humor em Portugal, que ficará patente até final de Outubro.

sábado, 20 de março de 2010

Prémio “Direitos Humanos e Integração”

As candidaturas ao Prémio de Jornalismo “Direitos Humanos e Integração”, atribuído anualmente pela Comissão Nacional da UNESCO e pelo Gabinete para os Meios de Comunicação Social (GMCS), estão abertas até 30 de Abril, podendo concorrer trabalhos de imprensa, rádio e meios audiovisuais.

Ao galardão podem candidatar-se profissionais da comunicação social que tenham publicado ou difundido trabalhos originais, em Portugal, entre 1 de Janeiro e 31 de Dezembro de 2009.

Os trabalhos podem versar temas nacionais ou estrangeiros e, independentemente da nacionalidade do(s) seu(s) autor(es), devem ser apresentados em português.

Os candidatos, individuais ou colectivos, podem participar com mais de um trabalho, tendo os prémios o valor pecuniário de 3000 euros em cada categoria.

O júri - composto por Guilherme d’Oliveira Martins, Carlos Vaz Marques e Carla Baptista – dará a conhecer no início de Junho os três trabalhos nomeados para cada uma das categorias, sendo os premiados anunciados a 15 do mesmo mês, em cerimónia pública a realizar no Palácio Foz, em Lisboa.

Seminário sobre violência doméstica

De 13 a 30 de Abril, todas as terças, quartas, sextas das 9h30 às 13h30, o Cenjor acolhe a segunda edição do seminário “Violência: qualificar, prevenir e intervir”, que visa proporcionar formação avançada sobre a problemática da violência em ambientes domésticos a jornalistas e colaboradores da Comunicação Social.

Realizado em parceria com a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) – em cujas instalações decorre uma sessão no sábado 17 de Abril –, este seminário gratuito tem uma duração total de 40 horas, abordando temas como Igualdade de Género, Competências de Comunicação e Relação Interpessoal, Violência Doméstica, Princípios da Intervenção, A lei e o combate à violência doméstica e Boas práticas profissionais.

No final do seminário será atribuído um certificado de formação profissional aos formandos que tenham participado em todas as sessões, sendo ainda distribuída durante o curso diversa documentação de apoio e que se poderá revelar útil no desempenho da actividade profissional, sempre que o jornalista lidar com vítimas de violência doméstica.

Para mais informações e inscrições, contactar Helena Rodrigues, do Cenjor, através do e-mail hsilva@cenjor.pt, do telefone 218 855 008) ou do fax 218 852 900.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Jornalista Carlos Pinto Coelho é agraciado
amanhã, em Lisboa, pelo governo francês

O jornalista Carlos Pinto Coelho recebe, sexta-feira, 19 de Março, as insígnias de Oficial da Ordem das Artes e das Letras da República Francesa, que lhe serão atribuídas pelo embaixador de França em Portugal, Denis Delbourg, durante uma recepção no Palácio de Santos, em Lisboa.

A comenda visa distinguir a carreira do repórter que divulgou importantes nomes das letras francesas em Portugal e que, ao longo dos tempos, tem dado um importante contributo para o reforço dos laços culturais e de amizade entre os dois países.

Entre outras iniciativas, Carlos Pinto Coelho moderou, há dois anos, os Estados Gerais do Multilinguismo na Universidade da Sorbonne, em Paris, evento que juntou os 27 ministros da Cultura da Europa.

A Ordem das Artes e das Letras existe desde 1957 e é uma condecoração atribuída pelo Ministério da Cultura francês, tendo os graus de cavaleiro, oficial e comendador.

Entre as personalidades portuguesas que já receberam esta distinção figuram a fadista Amália Rodrigues, o realizador Manoel de Oliveira, os escritores António Lobo Antunes e Agustina Bessa Luís ou o pintor Júlio Pomar.

A escritora Lídia Jorge e o ensaísta Eduardo Lourenço receberam o grau de oficial, e a fadista Mísia, o Nobel da Literatura José Saramago e a actriz Maria de Medeiros o grau de cavaleiro.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Valorsul distingue jornalismo de ambiente

As candidaturas ao Prémio Valorsul – Jornalismo por um Melhor Ambiente, que visa galardoar trabalhos jornalísticos que representem uma importante contribuição para boas práticas ambientais e para um desenvolvimento sustentável, estão abertas até 15 de Junho.

O prémio, atribuído pela empresa Valorsul em parceria com o Clube de Jornalistas, é aberto a trabalhos publicados na imprensa, Internet, televisão e rádio entre 31 de Maio de 2009 e 15 de Junho de 2010 por jornalistas portugueses ou estrangeiros portadores do título profissional.

O júri é composto pelo presidente da Comissão Executiva da Valorsul, João Figueiredo, por Luísa Pinheiro, vice-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Cândida Rocha, da Associação Portuguesa de Engenheiros do Ambiente, Carlos Barbosa de Oliveira, da direcção do Clube de Jornalistas, Dina Soares, jornalista da Rádio Renascença e membro do Clube de Jornalistas, e pelo jornalista da TSF José Milheiro, vencedor de uma menção honrosa no Prémio Valorsul 2009.

Os jurados vão avaliar a qualidade e relevância dos trabalhos candidatos no incentivo a práticas mais ecológicas e à sustentabilidade ambiental. O melhor trabalho será premiado com 10 000 euros, podendo ser atribuídas menções honrosas a outros trabalhos considerados relevantes, cada uma no valor de 2500 euros.

Uma das novidades é a criação de um blogue (http://premiojornalismovalorsul.blogs.sapo.pt) que visa uma maior interacção entre os interessados nos temas de jornalismo e de ambiente, funcionando também como veículo de transmissão de notícias sobre o galardão.

Mais informações sobre o prémio, o regulamento completo e a ficha de candidatura estão disponíveis no site da Valorsul.

Inscrições para os Prémios Gazeta 2009

Os trabalhos concorrentes aos Prémios Gazeta (Portugal), atribuídos anualmente pelo Clube de Jornalistas, devem ser entregues até 30 de Abril, podendo o júri avaliar e distinguir outras peças difundidas nos média que não tenham sido submetidas ao concurso.

Os galardões a que os interessados se podem candidatar são o Grande Prémio Gazeta, no valor de 20 000 euros, o Prémio Revelação, no valor de 5000 euros, e o Prémio Nacional de Imprensa Regional, que é constituído por um troféu, à semelhança do Prémio Gazeta de Mérito, que o júri pode atribuir a jornalistas profissionais ou a colaboradores permanentes de órgãos de comunicação social sem carteira.

O Grande Prémio Gazeta caberá ao jornalista profissional autor do(s) melhor(es) trabalho(s) produzido(s) no ano anterior em todo o universo dos média, enquanto ao Prémio Revelação podem concorrer trabalhos de imprensa, rádio, televisão e foto-reportagem de jornalistas com título profissional ou equivalente com o máximo de 30 anos de idade e dois de profissão.

A qualquer das categorias o concorrente poderá apresentar um máximo de três trabalhos.Ao Prémio Nacional de Imprensa Regional podem concorrer todos os órgãos de comunicação social que se integrem naquela categoria e tenham periodicidade pelo menos mensal.

Os Prémios Gazeta – que evocam, na sua designação, o primeiro jornal português, a “Gazeta”, cuja publicação se iniciou em 1641 – serão entregues em sessão pública até final do mês de Junho. O regulamento completo pode ser consultado no site do Clube de Jornalistas.

sábado, 13 de março de 2010

Livro debate papel do jornalismo televisivo

Provocar o debate sobre a importância do jornalismo televisivo para a construção social da realidade e para a procura do conhecimento é um dos objectivos do livro “As Notícias nos Telejornais”, de Nuno Goulart Brandão, que será apresentado a 22 de Março, pelas 18h30, no El Corte Inglés, em Lisboa, pelo jornalista e professor universitário Jacinto Godinho.

Fruto de dez anos de investigação, a obra publicada pela Guerra e Paz analisa os telejornais dos três principais canais de televisão portugueses – RTP1, SIC e TVI –, concluindo que o jornalismo televisivo tende, cada vez mais, a condicionar os seus conteúdos às audiências, com o objectivo de garantir a sua sobrevivência e às custas dos valores cívicos e dos interesses dos cidadãos.

Nuno Goulart Brandão nasceu em 1966, é mestre em Comunicação, Cultura e Tecnologias de Informação, doutorado em Sociologia da Comunicação, da Cultura e da Educação, e durante 20 anos trabalhou na RTP, tendo sido um dos coordenadores gerais do Projecto Fénix de reestruturação da empresa.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Poeta do musseque

Eu Sou
o poeta do musseque
dos bairros de lata
dos dias sem água
sem luz
a minha alma é escura
a minha alma é seca
a minha tristeza é muito triste
a minha amargura é muito amarga.
A doença da vaidade
vagueando por esta cidade
de mãos dadas
com a falsidade.
A biblioteca abandonada
vestida de pano.
O rosto melancólico
estampado em cada angolano.
O poeta que traz
o realismo
o neo-realismo na caneta
vivo entre vós
mas não faço parte
deste planeta.
A verdade
como as promessas de Deus
tardo
mas nunca falho
O tudo
O nada
O sim
O não
A certeza nessa longa jornada
O filho que muito ama esta terra
O que não posso dizer
O monami que esta terra
viu nascer...

Sandro Feijó (Poeta Universal)

domingo, 28 de fevereiro de 2010

As ovelhas com pele de lobo

Tu lembras-te, meu amigo,
quando nos tempos da nossa infância
liamos, com muita atenção
e até com algum medo da situação,
a história do lobo matreiro
que se vestiu com pele de cordeiro.
Hoje a história é diferente.
Andam por aí muitas ovelhas tresmalhadas,
bem vestidas e perfumadas,
que vestem a pele do lobo
para que as pessoas as temam
e vivam assustadas.
Para esses quadrúpedes
que não conseguem erguer a coluna vertebral
na vertical
eu adopto um comportamento de besta
e dou-lhes coices mesmo no centro da testa,
sem recear as cornaduras
dessas criaturas.

José Filipe Rodrigues

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

O Artoliterama apoia Fernando Nobre

Com ele Portugal poderá voltar a ser um Estado de Direito. Com ele o poder das ideias valerá mais do que as ideias de poder. Com ele a força da razão vencerá a razão da força. Com ele os jornalistas voltarão a acreditar que dizer o que pensam ser a verdade é a sua mais sagrada missão.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Lançamento de “O Combate Ilustrado”

Na próxima terça-feira, 26 de Janeiro, pelas 19 horas, a Casa da Achada, em Lisboa, serve de palco ao lançamento de “O Combate Ilustrado”, livro com mais de 200 páginas que reúne ilustrações e bandas desenhadas de 40 artistas publicadas no jornal “Combate” ao longo de 22 anos, entre 1986 e 2007.

Coordenado por Jorge Silva, que também tratou do design e de parte dos textos, este livro conta ainda com textos de Heitor de Sousa, capa de Rui Belo, produção de Luís Branco e Tiago Gillot e fotografia de Valter Vinagre, estando disponível uma versão resumida em PDF no endereço http://combate.info/media/combateilustradonet.pdf.

Os artistas cujas ilustrações e bd integram o livro são Alain Corbel, Alice Geirinhas, André Ruivo, Ângelo Ferreira de Sousa, Carlos Marques, Catarina Carneiro de Sousa, Cristina Sampaio, Diniz Conefrey, Francisco Vaz da Silva, Fernando Torres, Fonte Santa, Frederico Mira, Gonçalo Pena, Isabel Carvalho, Joanna Latka, João Fazenda, Jonas, Jorge Silva, Jorge Varanda, José Cerqueira, José Feitor, Luís da Silva, Miguel Cabral, Nicolau Tudela, Nuno Costa, Nuno Gonçalves, Nuno Neves, Nuno Saraiva, Patrícia Garrido, Paulo Cintra, Pedro Amaral, Pedro Burgos, Pedro Cavalheiro, Pedro Pousada, Pedro Zamith, Relvas, Renato, Richard Câmara, Rui Silvares e Vasco.

Um abraço com 35 anos de atraso

Há dias assim,
em que quase tenho pena de mim.
Acordo cansado
e todos os ventos sopram num sentido errado,
deixando-me triste,
desanimado
e numa rouquidão interior,
sem ideais, nem voz, nem ambições,
isolado das multidões.
Soltam-se lágrimas
quando desejaria sorrir.
Apetece só dormir,
dormir um sono demorado,
sem calendário nem horário,
para acordar novamente
diferente,
sem sentir nojo da minha viuvez,
da minha pequenez.
Só apetece dormir
um sono com sonhos impossíveis,
que faça despertar a fantasia
e acordar num novo dia.
Ao entardecer desses dias,
eu tenho sempre a certeza
de que essas arrelias
são apenas desafios transitórios,
os purgatórios
antes do regresso do verde à paisagem
da minha viagem.
Para que hei-de ter pena de mim,
nesses dias assim assim,
se eu conheço as linguagens
dos sete sentidos do corpo
que me fazem acordar?
Pobres dos que não conseguem despertar.

José Filipe Rodrigues