sábado, 8 de novembro de 2008

Memória

Na linguagem cifrada do vento
descubro uma metáfora amarelo sol
um estranho e onírico sopro
num feixe de arco-íris eterno

Espreitam olhos de maldade
escondem brinquedos de fingida simpatia,
mas as recordações filtram o passado
e servem o equilíbrio instável do presente

Linda boneca de tez rosada
deita-se no perfume do tempo
que constrói transparentes certezas
num mar urgente de cetim

Quero olhar a história
matar a vergonha consentida
e ver-te brincar na memória
retocada por desejos fortuitos

Ao olhar-te adormeço para a eternidade
e sorrio

Salomé Castro in Ubi Veritas

Obrigado JotaCê Carranca

Mais um dos muitos excelentes contributos de JotaCê Carranca, um “cidadão do mundo que gosta de dar asas às palavras que diz em silêncio”. A Lusofonia agradece. Os mais de 220 milhões de cidadãos que em todo o mundo se entendem em português, também.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Mamãe África

Tens o sangue derramado
sobre os cinco continentes
e os teus filhos naufragados
noutras terras noutras gentes

Nos teus gritos há raízes
a contar histórias ao mar
velhas feridas cicatrizes
com batuques a chamar

Mamãe África
Mamãe África
Mamãe África
Oh, Mamãe África
Vem pegar-me ao colo
vem chamar-me filho
vem dizer-me quem sou

Tuas lágrimas são rios
que te nascem nas entranhas
e o futuro é um desafio
que eu aposto que tu ganhas

Este canto de que eu faço
o caminho de regresso
é a voz do meu abraço
aos irmãos que eu não conheço

Mamãe África
Mamãe África
Mamãe África
Oh, Mamãe África
Vem pegar-me ao colo
vem chamar-me filho
vem dizer-me quem sou.

Dany Silva/Cuca