quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Deixem-me chorar

Deixem-me chorar
lágrimas de esquina
que dobram o coração,
sonhos de madrugada
que amamentam
as noites do luar.
Deixem-me vaguear
nos córregos do cérebro
que bloqueiam a poesia,
que travam a sensatez.
Dobro a vida das esquinas
e encontro a ponte
que não tem margens.
Deixem-me andar por aí
como quem sabe o que faz,
mesmo quando tropeço
no sonho de apenas querer
chorar como qualquer um.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

ANGOLA ("Um dia, com toda a certeza")

Aqui em baixo, no poema “Um dia, talvez...” está publicado o seguinte “comentário”:

Esquece as facadas
De uma guerra animal,
Ó dores danadas
De sangue ainda a correr, afinal.
Ó Angola de sangue a correr,
Em ti todo o apego
De um dia te ver
Com paz e sossego
Em ti sempre acredito
Nesta vida de mistério,
Até mesmo que o meu partido
Seja o cemitério.
Não vou fugir para terras estranhas
Angola do meu nascer,
De tuas entranhas
Nasci também para viver.
Meu sangue é teu eternamente,
As ruas poderá banhar
Na fecundidade de tua mente,
Para tua paz ganhar.

Orlando Castro, in Algemas da Minha Traição (1975)

Vejam também: http://poucaletra.blogspot.com/2008/10/meu-tormento.html

(Obrigado Filhota. É isso aí! Obrigado por me ajudares a ser feliz)

sábado, 11 de outubro de 2008

É isso aí, filhota!

Um dia lá irás
respirar o silêncio,
beber o infinito,
e chorar a saudade.
Não te importes
com a lágrima
que inundará
a terra quente
de Angola.
Nesse dia,
entre o silêncio,
o infinito
e a saudade
nascerá uma flor.
Que flor?
Perguntarão alguns.
Não te preocupes
porque essa será
uma flor tão rara
que só tu verás,
que só tu sentirás.