sábado, 12 de setembro de 2009

Honoris Causa para Malangatana

O pintor moçambicano Malangatana disse hoje que no próximo ano irá receber o grau de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Évora, distinção que o deixa "muito contente".

"Ainda não tem data marcada mas é muito possível que seja em Fevereiro", informou hoje o pintor à agência Lusa na Guarda, à margem da inauguração de uma exposição na galeria de arte do teatro municipal local.

Malangatana Valente Ngwenya, que já possui um título idêntico atribuído pela Universidade Politécnica de Maputo, afirmou que recebeu a notícia "com grande satisfação" e que ficou "muito contente".

"Já me foi dada carta aberta para ter um padrinho, vou-me preparar para ver o que posso apresentar para esse prémio que vou receber e estou a preparar uma exposição" para Évora, adiantou.

Malangatana nasceu em Matalana, distrito de Marracuene, Moçambique, a 6 de Junho de 1936 e expõe pela primeira vez na cidade da Guarda.

A mostra intitula-se "Encontro com Malangatana" e ficará patente na galeria de arte do Teatro Municipal da Guarda (TMG) até 01 de Novembro.

É composta por três secções, uma com 21 desenhos (que pintou para ilustrar o livro "24 poemas e outros inéditos"), outra com 18 desenhos a tinta-da-china (elaborados entre os anos de 1970 e 2008) e a terceira composta por 18 pinturas (desde 1971 até aos dias de hoje).

O pintor disse à Lusa que está "feliz" por expor na galeria de arte do TMG, numa cidade do Interior do país.

"Sinto-me feliz porque estive em muitas partes do mundo e nesta parte do Interior o desenvolvimento não é como em Lisboa, Porto ou Coimbra, mas existe um teatro muito multifacetado, que permite que as pessoas que não se podem deslocar a Lisboa ou ao Porto possam ter aqui uma gastronomia cultural sem grande dificuldade", considera.

O pintor explicou que nas obras expostas aborda temas diversos como "situações do dia-a-dia, o erotismo, o sensualismo da vida, a mentalidade do homem, sonhos passados e presentes e um pouco as turbulências" da sua vida.

"Nalguns casos até aponto uma certa raiva em relação aos acontecimentos a que temos assistido em pleno século XXI, como as guerras", explicou.

Américo Rodrigues, director artístico do TMG, referiu o facto de a mostra incluir "desenhos e pinturas que são expostas pela primeira vez", que fazem parte da colecção privada do artista.

"Para nós é uma grande honra recebê-lo aqui", disse o responsável TMG, dirigindo-se a Malangatana e referindo que o nome do pintor estava na agenda do teatro "desde o primeiro minuto, pelo brilhantismo do seu trabalho, da sua carreira, pela afirmação que tem a nível internacional e, também, por África".

Na inauguração da exposição "Encontro com Malangatana", comissariada por Filomena André, também marcaram presença o director regional da Cultura do Centro, António Pedro Pita, e o vereador do pelouro da Cultura da Câmara da Guarda, Virgílio Bento.

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