sábado, 7 de novembro de 2009

Galhos partidos pela saudade

Olhei a chuva amarga que batia
tão felina quanto agre e agreste
nas vidraças do meu triste coração.
Fiquei sem saber se era pesadelo
ou apenas a saudade de uma dor
que fez da oração um simples abafo.

Olhei a penumbra que vinha do sul
como se com ela viessem notícias
da minha banda, da outra banda.
Fiquei sem saber se a saudade vive
ou se apenas é miragem africana
num coração que baloiça ao vento.

Olhei a madrugada que sonolenta
dormia aos pés da noite sem luar,
como se fosse um canto nostálgico.
Fiquei sem saber se aquele sabor
a loengos nas esquinas da alma
era mais do que a noite esquecida.

Olhei o dia que não nascia como devia
à procura de uma razão para amanhã,
mesmo que ténue no meu horizonte.
Fiquei sem saber porque não canta
o catuitui que todos os dias poisa
nos galhos partidos da minha alma.

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