quinta-feira, 11 de junho de 2009

José de Guimarães regressa às origens

O artista plástico José de Guimarães inaugurou hoje uma exposição em Luanda que considerou “um regresso às origens” porque foi em Angola que iniciou o seu percurso artístico há 40 anos.

José de Guimarães contou com a presença dos ministros da Cultura de Portugal, Pinto Ribeiro, e de Angola, Rosa Cruz e Silva, na inauguração da exposição denominada “40 anos…”, organizada no âmbito das comemorações do 10 de Junho.

A galeria do Instituto Camões/Centro Cultural Português de Luanda é onde a exposição de José de Guimarães vai estar até 30 de Julho.

Em declarações à Agência Lusa, o artista português sublinhou a “emoção” com que reviu amigos e companheiros das artes, como o angolano António Ole ou o arquitecto Troufa Real, contemporâneos dos primeiros passos na criação artística.

Foi em Luanda que José de Guimarães, no início dos anos de 1970, criou um alfabeto ideográfico composto por 130 símbolos, ao qual chamou ‘alfabeto africano’, para desenvolver um processo de comunicação assente numa tentativa de osmose entre as culturas africana e europeia.

Nascido em 1939 em Guimarães, José Maria Fernandes Marques adoptou o nome da cidade natal para a identidade de artista. Militar de carreira, cumpriu comissões em Angola nos anos 60, durante a guerra colonial. Nos sete anos que ali passou, interessou-se pela arte africana que acabou por incorporar no próprio trabalho.

Apesar do pouco tempo que o artista vai estar em Angola, confessou que há elementos que são imutáveis e que persistem nos dias de hoje mesmo tendo sido importantes para a criação dos primeiros tempos.

Um desses elementos que admitiu ter reencontrado foi o “sorriso” das pessoas.

“Apesar de muito tempo na vida de uma pessoa, 40 anos não são mais que um lapso de tempo na história da humanidade. Não é nada. Há elementos que permanecem desde as raízes do meu processo artístico aqui(em Angola) iniciado”, apontou.

José de Guimarães admite, no entanto, que há algo de novo nesta Luanda de hoje, de uma Angola independente e saída de uma prolongada guerra, que definiu como “uma energia, uma dinâmica” que não existia quando se atirou à criação do seu “alfabeto africano”.

“Os processos de criação não se repetem”, atirou o artista quando confrontado com a possibilidade de um retorno criativo agora que está de novo nas “origens”, mas admitiu que “gostaria de passar mais tempo em Angola”, em jeito de quem acredita que a tal “nova dinâmica” e a “nova energia” tivessem algo a acrescentar à sua criação.

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