quarta-feira, 18 de junho de 2008

Para mim foste e és a maior

Em teu horizonte de granito
Via-se algo de muito estranho,
Tinhas esse olhar de infinito
Que transcende o teu tamanho.

O coração parece desfeito
Por uma dor de léguas,
Nesse sarcástico e dorido peito
Não havia lugar a tréguas.

A esperança era diferente
Nesse nascimento sem parto,
Tinhas uma dor sem presente
Recheada de sofrimento farto.

Gerada no ventre da desgraça
Morres em cada instante,
É toda uma vida que passa
Com dores e dor constante.

Terminaste uma vida sem cais
Com restos de amor bravio,
Agora já não te querem mais
Porque já não és um “navio”.

Esqueceram as muitas gerações
Que amamentaste sem surpresa,
Olvidaram as tuas sentidas orações
E os teus desamores sem natureza.

O mundo agora já não corres
Nessa tua velhice que avança,
Por isso em cada dia morres
Mulher que não foste criança.

Esqueceram toda a tua verdade
E a tua capacidade para lutar,
E é esta, repara, a humanidade
Que te quer voltar a julgar.

Foste (eu sei) heroína na guerra,
Na paz, no amor e na história,
Mas apodreces agora nessa terra
Depois de tanto amor e glória
.

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