domingo, 1 de junho de 2008

Livro terra


Reviver sonhos que já lá vão
num livro talvez esquecido
e adormecido na alma em poeira,
não é, creio, fácil a oração
para um poeta dolente e perdido
num mundo sem eira nem beira.

Deixem-no lá estar sonhando
perdido nos feitos sem glória,
nas esperança fantasiosas,
reviver na ternura e orando
um amanhã talvez com vitórias
sem armas, apenas com rosas.

Fechado tinha aspecto triste,
sorrindo com ar vagabundo
requebrado com ar indiferente,
um dia perguntei-lhe: Não viste
essa coisa que se chama mundo
parar abrupto, de repente?

- Não ligues triste companheiro
a esse pormenor rudimentar,
que parece puramente casual,
se parou foi talvez por roteiro
ou, quem sabe, para descansar,
não foi com certeza por mal.

- Repara meu querido amigo
na porca vida que nos rodeia,
podre, louca e degradada;
toda a gente repara no inimigo
que em cada um de nós vagueia,
e não viram a terra parada.

- Portanto não é vital com certeza
esse facto que tanto te alertou
e até te fez pensar e repensar,
repara antes na eterna beleza
que com isso ela nos despertou:
vamos oleá-la para voltar a andar.

Sem comentários: